Franqueada da Casa Cor Pernambuco, Isabela Coutinho recebeu, no tradicional brunch, na manhã desta quinta-feira (20), a Imprensa da Cidade para apresentar os trabalhos dos 66 profissionais. Desta vez, a mostra traz o conceito Casa Viva, que propõe o verde da natureza e o marrom da madeira em todos os 40 ambientes, começando, aliás, pela fachada, com o letreiro tomado por folhagens.
O casarão da família Santos é três vezes maior que o imóvel da última edição, com 5 mil m² e estrutura da década de 1930, em estilo neocolonial, localizado na avenida 17 de Agosto, nº 1112, em Casa Forte. A casa, inclusive, é tombada a nível municipal. O piso da residência, um taco belíssimo, foi todo preservado. As benfeitorias ficam para os donos, uma contrapartida da organização. Chama atenção, logo no jardim da entrada, a escultura de Abelardo da Hora, cedida gentilmente por Fana Mendonça.
Entre as paradas obrigatórias no passeio, a Sala de Estar de Zezinho e Turíbio, cheia de lembranças de quem morou lá, a exemplo do sofá em quem nasceu José Santos, um piano da família, fotos de Ana Cecília Santos, além, lógico, de muitas obras de arte, a exemplo de bela tela de Francisco Brennand. É o espaço que exala mais afetividade, por toda a história envolvida. “Eu lembro que tia Rosália trazia a gente pra cá. Foi uma infância toda aqui”, revelou Zezinho. O papel de parede usado no teto, todo trabalho em pequenas flores, remete aos vestidos usados pela avó do arquiteto.
Também é indispensável conhecer a Sala de Leitura de Ana Cristina Cunha, um verdadeiro convite ao prazer de ler: traz conforto na Poltrona Mole de Sérgio Rodrigues e delicadeza de sobra, com uma belíssima homenagem a Rosália Santos através de bilhetes que revelam toda a simpatia da antiga moradora. Precisa ser visitada a Sala de Jantar Hulha do alagoano Rodrigo Fagá, que faz a sua estreia na Casa Cor PE e revela todo o seu conceito num ambiento trabalhado no preto, com destaque para a madeira carbonizada da parede e a Extension chair, uma espécie de cadeira-cabide. Um show de técnicas, inspiração pura.
A Sala Off Black de Luiz Dubeux e João Vasconcelos também chama atenção, com big quadro de José Patrício feito especialmente para a ocasião. O quê descolado vem dos elementos e do contraste entre o preto e o branco das divisões. O Quarto da Menina também tem caráter afetivo. As arquitetas que assinam o espaço, Eveline Carvalho e Graciely Nery, receberam consultoria mais do que especial da garota que dormia lá, Mariana Melo, neta de Rosália. Merece atenção o Estar Íntimo de Alysson Albuquerque e Rodrigo Malvim. Bom gosto é expressão de ordem no ambiente, que aproveita bem o pouco espaço e o transforma em aconchego: uma vitrola, um sofá, uma poltrona e as obras convidam à apreciação da arte.
A Casa Trousseau de André Carício traz um novo lado do arquiteto, que abusou das madeiras e plantas para um ambiente vivo, altivo e aquele cheirinho delícia do famoso aromatizador Trousseau. A Casa Iquine de Luiza Nogueira está toda trabalhada no conceito de upcycling, com latas de tinta como décor, em referência aos nossos cobogós. Restaurante oficial da mostra, o Riso ganhou projeto da Polígonos, de Manoela Pires, Renata Paraíso e Thiago Valença. A parte interna está maravilhosa, mas o externo promete atrair a todos que gostam de um arzinho fresco.
O Living da Piscina de Humberto e Analice Zírpoli traz a grandiosidade pela qual o casal é conhecido na área. A Cabana Haut, da We Arquitetos, está impecável: a cara das casas de campo. É ideal para o clima friozinho: a comodidade e a beleza dão o tom. Por fim, a Arena Arbor, que promete movimentar a mostra até o dia 4 de novembro com várias palestras.
Não pode deixar de ser vista a Casa do Futuro de Diogo Viana. Todo em vidro, como uma aquário, o espaço é o cantinho da tecnologia à serviço da arquitetura, com direito até a privada de controle remoto.
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