“Os limites da língua são os limites do seu mundo” já dizia Ludwig Wittgenstein. Mesmo com os milhares de aplicativos on-line para tradução de idiomas, estar confortável para efetivamente desenvolver uma conversa e conhecer mais a fundo pontos de vista de abordagens por vezes intraduzíveis de outras culturas são algumas das vantagens de dominar outros idiomas, mas se você precisa de mais detalhes para se convencer de que falar bem um terceiro idioma faz a diferença, vamos a mais algumas razões:
1) Mais oportunidades de emprego: Imagine-se Gestora de Recursos Humanos de uma grande empresa que recebe milhares de currículos diariamente. A maioria deles, com formação acadêmica e com inglês intermediário. Aí, um dia chega lá um currículo de uma pessoa que fala inglês fluente e também Mandarim, será que você não ia considerar essa pessoa para uma entrevista? Pois é, os recrutadores de RH também pensam assim.
2) Maior networking: Quando fui fazer intercambio no Canadá, além de conhecer bem a cultura canadense, pude, também, entender melhor as diferenças existentes dos nativos de países asiáticos e assim, diferenciar pelos nomes, formas de se comportar, etc, de japoneses, coreanos e chineses. Que, antes, claro não tinha a menor ideia já que generalizava como muitos ainda fazem como “japas”. Já quando fiz Intercâmbio na França, fiz muitas amizades com pessoas da Colômbia, Argentina e México em, mais uma vez, eles não eram meramente “latinos” e existia novamente um emaranhado de divergências culturais. Hoje, se, eventualmente tiver que negociar com qualquer uma destas seis nacionalidades, como tive amigos de todas elas, poderei não só melhor me relacionar como melhor compreender comportamentos em negociações ou mesmo em uma mesa de bar.
3) Inovar no seu mercado: Ok, você nunca teve a oportunidade de morar fora mas aprendeu, assim por conta própria e, com a ajuda de cursinhos aqui mesmo no Brasil a se comunicar e entender super bem o idioma italiano. Eis que você, recém-formado na faculdade de arquitetura começa a pesquisar novas formas de construir ou um novo design de material diretamente nos sites/blogs italianos que falam de um novo produto recém-criado no mercado de Milão. Você entra em contato e consegue, por já dominar o idioma, representar, aquele material no Brasil. Bingo! Será que se você só falasse português ou, ainda se falasse apenas português e inglês esse caminho não seria mais longo?
4) Ler obras primas em seu idioma original: Só quem ama um autor estrangeiro e consegue ler seus clássicos no idioma nativo sabe do que estou falando. Li Albert Camus e Simone de Beauvoir em francês e Gabriel Garcia Marques e Mario Vargas Lhosa e espanhol e, vai por mim. É diferente. É mais profundo, tem mais encantamento, sei lá, é diferente; Quanto a literaturas mais novas, para quem quer experimentar um livro leve e facinho de ler em inglês é “Eat, Love, Pray” (comer, rezar e amar). Depois de ler esse livro coloquei na cabeça que precisava conhecer Bali e Índia e só sosseguei depois que conseguir ver de perto o que Elizabeth Gilbert descreveu no livro e, que é claro, não chega aos pés do filme que, como sempre nos faz perceber que nossa imaginação é mesmo bem fértil. Às vezes mais do que os diretores de filmes, diga-se de passagem.
5) Conhecer o lado B de algumas coisas: Vou dar dois exemplos: Certa vez fiz uma viagem de trem de Hamburgo na Alemanha pra Copenhagen (Dinamarca) e, dividi o vagão com um casal de poloneses judeus super velhinho que vivenciaram a segunda guerra de forma intensa e brutal. Tinha ali na minha frente um testemunho vivo de percepções que nenhum livro de história jamais poderia me dar e foi com os olhos cheios de água que me emocionei muito com uma conversa de mais de duas horas (em alemão) com eles que só falavam polonês e alemão (esse idioma, que por sinal, foram obrigados a aprender na época). Se aprender alemão valeu a pena pra mim? Só valeu!). Ainda na Alemanha tive um amigão da Síria que, se preparava para fazer faculdade lá e, sim só falava alemão e árabe. Qual a melhor forma de conhecer a cultura muçulmana (principalmente atualmente com essa onda de “Je Suis Charlie”) do que tendo um amigão árabe. Por falar nisso recomendo a todos terem um amigo árabe. Se pelos menos metade das pessoas entenderem que muçulmano e terrorista não são sinônimos já teremos aí um bom avanço.
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