Por Guto Moraes, especial para Roberta Jungmann
Quatro anos se passaram desde a última vez que Pitty esteve em Pernambuco, quando, na ocasião, saía pelo país com a turnê “Sete Vidas”. Em show neste sábado (6), no Baile Perfumado, a baiana passeou por sucessos da carreira e preparou terreno para o lançamento do quinto álbum de estúdio Matriz (Deck, 2019), que até o dia 26 deve chegar às plataformas digitais.
“Admirável Chip Novo” (2003), “Anacrônico”(2005) e “Setevidas” (2014) abriram a apresentação. As faixas dão nome a três dos quatro álbuns já lançados pela cantora. “Que saudade que eu tava de ouvir esse ‘Pittê’, que saudade que eu tava de vocês, Recife”, brincou. Ela cantou seu mais recente lançamento “Noite Inteira”. “Gente se junta pra fazer revolução/ gente se junta pra falar besteira”, ironiza o refrão.
Fez mashup de “Memórias” e “Ando Meio Desligado”, essa última de Os Mutantes (1970), e depois foram as vezes do reggae “Te Conecta”, a premiada “Na Sua Estante” e a morna “Um Leão”, até a primeira surpresa. “Agora a gente vai pro meu quartinho em Salvador, onde tudo começou. Não olhem a bagunça.” Ao lado do parceiro Martin Mendonça e de Gui Almeida fez versão acústica de “Teto de Vidro”, música que tornou seu nome conhecido no Brasil.
As surpresas seguintes foram os covers de “Punk rock hard core Alto José do Pinho” da recifense Devotos do Ódio (1995) e “Anunciação” de Alceu Valença. “A cena pernambucana é tão rica, me inspira tanto”, disse a artista, fã e amiga do músico Cannibal. “Ouvi dizer que essa noite iria ganhar um vinil. Saindo daqui pr’onde a gente vai? Pro Roots ou pro Iraq?”
“Semana Que Vem”, “Desconstruindo Amélia”, “Me Adora”, “Contramão”, “Máscara” encerram o show. No “Bis”, Pitty cantou “Equalize”, a pedido do público, e fechou com “Serpente”. “Eu vou dar um spoiller: Recife tem uma coisa que eu só vi aqui e isso me inspirou a fazer essa música”, disse em alusão à ciranda de roda. “Logo mais amanhã já vem”, diz a canção.
De acordo com a produção local, cerca de 1.600 pessoas estavam presentes, mas a impressão era de muito menos. Outra impressão foi a de que o público está mais maduro. Se antes a cantora reunia adolescentes, hoje eles caminham para a casa dos 30 – se não têm mais. O que também acontece no palco. “Hoje aos 40 é melhor que aos 18”, adaptou a cantora durante “Desconstruindo Amélia”, faixa do álbum Chiaroscuro (Deck, 2009) lançada aos 30 anos.
Aos precisos 41 anos, Priscilla Novaes Leone vive a maternidade ao lado do marido, Daniel Weksler (ex-Nx Zero). A pequena Madalena Novaes Leone Weksler nasceu em agosto de 2016. Atualmente é co-apresentadora do programa Saia Justa ao lado de Astrid Fontenelle, Mônica Martelli e da também cantora Gaby Amarantos, no qual discute temas polêmicos da atualidade, além de pautas femininas.
Palco aberto e TNT
Patrocinadora oficial de 20 shows da turnê Matriz, a TNT Energy Drink acompanhará Pitty em seis apresentações pelo país. As informações foram passadas à reportagem pela produção da marca. O objetivo é o registro audiovisual de Matriz e do projeto Palco Aberto, lançado em parceria com a cantora. Com isso, uma websérie de três episódios deve ser lançada até novembro deste ano.
No Palco Aberto, a baiana recebe novos nomes da música, indicados pelo público e escolhidos por ela em conjunto com a patrocinadora. Em Recife, a abertura ficou por conta de Flaira Ferro e o encerramento pela banda Howay. A cantora recifense Flaira contou ter a roqueira como ídola na adolescência. “Era Pitty e Chiquititas”, rimos.
No palco, Pitty fez questão de evidenciar a participação de Flaira. “Foi um prazer conhecer Flaira Ferro e uma honra dividir o palco com ela”, disse a baiana, que logo depois recebeu Ferro e a cantora Mayara Pera para cantar “Máscara”. Certamente um dos momentos mais bonitos do show. O encontrou lembrou a She’s – banda composta apenas por garotas, que Pitty participava quando era conhecida apenas no circuito underground de Salvador.
“Foi surreal e indescritível. A gente volta aos 15 anos e vê um sonho realizado, vê o sonho de uma amiga realizado”, comentou Mayara Pera sobre a participação no show de Pitty e Flaira Ferro. Bairrista como todo bom recifense, descreveu Flaira como “uma dos maiores artistas, cantoras e compositoras dessa cidade, Estado e, em breve, desse país”. “Cansamos de ser musas, agora nós somos as artistas”, provocou.
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