À mesa

Nez Bistrô, o restaurante mais charmoso do Recife

Nez Bistrô - Foto: Divulgação
Localizado na Praça de Casa Forte, o estabelecimento é um dos mais tradicionais da cidade

Por: Bruno Albertim*

Aqui está, possivelmente, o restaurante mais charmoso do Recife. Intimista, meia luz, mobiliário e objetos antigos, o Nez Bistrô está instalado num sobrado do século 17. Tombada, a casa está diante da Praça de Casa Forte – que aliás, configura um dos oásis urbanos da cidade, com seus jardins projetados pelo paisagista Burle-Marx. Na construção,  teria funcionado a senzala do engenho de Ana Paes, figura histórica de origem portuguesa, deportada por ordens do Conde Maurício de Nassau após ser acusada de conspirar contra os holandeses que ocuparam Pernambuco entre 1630 e 1654.

A decoração do Nez Bistrô é feita com objetos antigos – Foto: Daniel Prates/Divulgação
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Clássico até a medula, o restaurante é chefiado pela jovem Marcella Souto. Apesar da pouca idade, a chef deixa de lado arroubos e excessos autorais e procurar executar, com uma perícia irrepreensível, clássicos das cozinhas francesa e italiana numa devoção total aos paradgmas da haute cuisine. Ali, portanto, espere encontrar ingredientes no topo da escala gastronômica de todos os tempos. Trufas, cogumelos e foie gras são constantes.

Chef Marcella Souto – Foto: Daniel Prates/Divulgação

Entre as entradas, gratificante é o Petit Gâteau de Prima Donna – bolinhos quente e cremosos do queijo italiano, guarnecidos de geleia de pimentão-vermelho e salada de rúcula com torradas artesanais. A terrine de foie gras flambado no conhaque é perfumada com alecrim e, como contraponto, traz o doce de geleia de frutas do bosque e torradas crocantes. O Steak Tartare ao Duo de Mostardas oferece o mingon cortado na ponta da faca com um interessante duo de sorvetes de mostarda, um de  Dijon e outro a l’Ancienne.

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Steak Tartare ao Duo de Mostardas – Foto: Daniel Prates/Divulgação

Entre os principais, icônico da casa é o tournedor de filé em crosta crocante de Prima Donna e ervas frescas sobre roti bem correto e um riosoto levemente adocicado ao vinho malbec. Das poucas concessões a ingredientes regionais, está um tijolinho de rabo de touro cozido em baixa temperatura, desfiado e prensado, em molho de cerveja preta, sobre musseline de mandioquinha e cará. Excelente a sessão vegetana, com artigos como o risoto cremoso com leite de amêndoas, aspargos e abóboras assada – finalizado, como regra, com leite de trufas. No endereço, funciona também uma loja da distribuidora Zahil e, diante da oferta de rótulos, um charmoso bar de vinhos servidos em taças no primeiro andar do sobrado.

Filé em crosta crocante de Prima Donna – Foto: Daniel Prates/Divulgação

*Bruno Albertim é antropólogo e jornalista especialiazado em cultura e gastronomia. Membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte, é autor, dentre outros,  de Tereza Costa Rêgo – uma mulher em três tempos (Cepe Editora) e de Nordeste – Paisagem Comestível (Editora Massangana – Fundação Joaquim Nabuco), a ser lançado até o final de 2019. Ganhou um prêmio Esso de Jornalismo (2013) com reportagens ligadas ao universo da alimentação no Nordeste. Gosta de comer e cozinhar profissionalmente e quando não tem qualquer obrigação para isso.

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