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Por Bruno Albertim
Opulenta, barroca, uma das mais generosas na cartela de sabores deste planeta conhecido, a culinária tradicional mineira conta, em cada bocado, a história do Brasil. E ela também pode ser elegantíssima. É o que mostra a cozinha do (claro) mineiro Márcio Costa , no seu restaurante Prudente 242, ancorado no Sítio Histórico de Olinda.
Radicado em Pernambuco já há algumas décadas, Márcio tem o hábito de fincar, por onde passa, uma embaixada do que melhor que pode oferecer sua terra natal. Há mais de uma década, o também estilista abriu um restaurante de temporada em Gravatá. Cumpriu o ciclo na cidade serrana e, ao adquirir um casarão secular na Rua Prudente de Moraes, ancorou de vez seu projeto na Olinda que tanto se parece com o barroco das Minas Gerais. Há dois anos, parece ter encontrado seu pouso no mundo.
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Uma incursão pelo Prudente 242 exige boas horas de espírito livre – motivo pelo qual a casa abre preferencialmente, para os almoços, nos finais de semana. A refeição começa com os olhos. Do primeiro salão ao quintal sombreado, a casa é minuciosamente decorada com móveis e objetos de época, porcelanas, relíquias, imagens sacras e cerâmica popular. Várias peças do artesanato mineiro, e mesmo as mesas em que comemos, estão à venda. Como a comida oferecida pela casa, o ambiente nos envolve em várias direções e apelos. Tudo elegantemente barroco. Chique e, ao mesmo tempo, deliciosamente acolhedor.
Ao sermos acomodados numa das mesas do quintal (onde, na mesma hora, sentimos vontade de morar), chega uma saladinha de acelga, uns pãezinhos de queijo, água fresca e uma cachacinha gelada, vinda, claro, dos alambiques das Minas Gerais. Não tenha pressa. Uma boa cerveja ou um branco / espumante podem ser escolhidos na carta – simples, objetiva e de preços muito justos.
Aí, então, faça o planejamento mental do que será possível degustar. Na casa, não há cardápio. Mas uma releitura-homenagem à boa e velha tradição dos fogões mineiros: fogareiros na pedra onde, na cultura original, porções generosas desta culinária que, apesar das contribuições nativas e africanas, a mais portuguesa entre as cozinhas regionais do Brasil, estão sempre disponíveis.
Dispostas em panelas e frigideiras antigas de cobre, as receitas exigem de fato planejamento. Eleja uma ou duas entradinhas, antes de voltar e decidir por dois ou três principais. O leitão à pururuca é sublime. Assim como os lombos assados, o pernil suíno, a vaca atolada, os filés, a galinha ao molho pardo, o frango com quiabo, a incrível costelinha com goiabada, o feijão tropeiro…. As farofas, como a de abóbora com carne seca, são um capítulo à parte. Sim, um almoço ali pode – e deve se estender – até bem mais que o costume. Ao final, antes do café, uma mesa de bolos e doces tradicionais como cada pedra no piso de Ouro Preto vão ainda nos transportar para uma Minas dos sonhos (e onde calorias deveriam ser proibidas de existir).
Nem antiga, nem contemporânea, a comida de Márcio é apenas clássica. Porque ele aprendeu a cozinhar com a melhor das escolas: a tradição. Com o pai, José Quintino, desenvolveu a técnica dos cortes precisos nas carnes. Com a mãe, Nelly Bertolin, o tempo e as porções para o equilíbrio de receitas que, gerações a fio, vão alimentando a identidade. Tudo, enfim, emoldurado pelo charme de um dos restaurantes mais cenográficos de toda a história do eixo Recife-Olinda. Sorte a nossa ter uma janela mineira nesta paisagem.
Ah, antes que me esqueça: este ano, eles vão abrir especialmente na noite de Natal. Com bufê livre e, como de costume, preço fixo.
Serviço
Prudente 242.
Rua Prudente de Moraes, 242, Olinda.
Apenas para os almoços de sábado, domingos e feriados. Bufê livre: RS 89 por pessoa.
Ceia de Natal: RS 220, por adulto. Fone: 98846-5131.
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