À mesa

Os sabores dos novos vinhos portugueses

Foto: Reprodução.
Descubra as novidades em sabores.

Por Bruno Albertim

([email protected])

É longa, histórica, a relação do paladar brasileiro com a vinicultura portuguesa. No final de 2019, essa relação ganhou uma musculatura ainda maior com a chegada, ao mercado nacional, de dois projetos que já nascem grifes.  Um deles, a primeira leva de vinhos da nova Howard’s Folly, cujos vinhos da marca Sonhador são assinados por ninguém menos que o enólogo David Baverstock. O outro, os vinhos da marca Vicentino, produzidos na Costa Vicentina, o lindíssimo parque natural do Sudoeste do Alentejo. 

As duas linhas chegam pelo braço da Wine Concept Brasil, a recém-criada distribuidora que funciona como extensão brasileira da empresa portuguesa com mais de 12 anos e 2,5 milhões de clientes na carteira mundial. Apostando na contramão da crise, a distribuidora já trouxe mais de cem mil garrafas nos últimos seis meses. Venderam tudo e rapidamente estão repondo os estoques. São vinhos com grande potencial pra quebrar nossa fidelidade com outras marcas portuguesas já consagradas. 

Quem acompanha com um pouco mais de atenção a vincicultura brasileira conhece o luso-australiano David Barvestock,  enólogo chefe da gigante Esporão que inscreve o Alentejo no mapa da excelência da vitivicultura mundial. Aos 64 anos, coleciona prêmios a não poder na prateleira, e é dono do status de  precursor da moderna enologia portuguesa, marcada por menos submissão à madeira e elegância garantida pelo encontro de castas tradicionais lusas com francesas no corte.  

A Howard’s Folly é uma parceria com  inglês Howard Bilton. No começo dos anos 2000, eles vinificavam em adegas de terceiros. Em 2018, estabeleceram a vinícola em sede própria, dentro das muralhas da cidade histórica de Estremoz. As vinhas ficam na região de Portalegre,  Serra de São Mamede, também no Alentejo. 

Um terrioir cuidadosamente escolhido. “A combinação entre temperaturas amenas, altitude e solos graníticos originam vinhos de grande finesse, com estrutura, aromas intensos e frescura”, disse Baver Baverstock, que veio pessoalmente lançar os vinhos para o mercado pernambucano durante um almoço no Restaurante Leite no final de novembro.  Depois do Rio de Janeiro, Recife tem o segundo maior consumo per capta de vinhos portugueses no Brasil. 

Outra marca a chegar, os vinhos Vicentino são frutos do trabalho do enólogo Ole Martin Siem, norueguês radicado há mais de 30 anos em Portugal. São frutos, justamente, de sua vinícola na Costa Vicentina portuguesa. 

Plantadas em solos argilo-xistosos e franco arenosos,  baixo potencial produtivo, a dureza da terra impõe, contraditoriamente, às uvas a desenvolverem concentrações ideais de açúcares e compostos fenólicos. 

Os vinhos

O Howard’s Folly Sonhador Branco tem cor amarelo palha. No Nariz, cítricos, lichia e, pelo estágio parcial em barricas francesas, um pouco de tostas. Bem cremoso e ótima acidez, final prolongado. 

O Howard’s Folly Sonhador Tinto, um rubi intenso do Alentejo, é um corte de francesas e típicas portuguesas:  Alicante Bouschet, Syrah, Aragonês, Touriga Nacional, um resultado elegante e aroma intenso de frutas vermelhas, fumo e especiarias pelo estágico de nove meses em cubas e barricas de segundo uso.  Taninos firmes e elegantes. 

O Vicentino Branco, amarelo limão pálido, é um corte de Sauvignon Blanc, Sémillon e Alvarinho. No nariz, cítricos e notas herbáceas.  Médio corpo, frutado, acidez mediana, bem fresco. O Vicentino Rosé,  touriga Nacional e Aragonês, tem uma agradável mescla de aromas entre o floral e as frutas cítricas e vermelhas. Corpo médio, levemente salino, acidez alta . Conjuga a fruta vermelha da Aragonez com o toque floral da Touriga Nacional.

Rubi, o Vicentino Tinto traz  Aragonês, Touriga Nacional e Syrah. No nariz, frutas vermelhas e negras. O estágio em oito meses em barricas aporta especiarias. Corpo médio e taninos muito sedosos.

Adicionar comentário

Clique aqui para comentar