O secretário Roberto Alvim, até então titular da pasta da Secretaria Especial da Cultura, foi demitido do cargo nesta sexta-feira (17), após fazer, na noite desta quinta (16), pronunciamento semelhante ao discurso de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda da Alemanha nazista. Durante toda a madrugada, mensagens de repúdio ao discurso do secretário do Governo Bolsonaro, que parafraseou o do ministro do Governo Hilter, foram divulgadas nas redes sociais. A exoneração foi informada pela assessoria de imprensa da Secretaria.
Muitos políticos e personalidades, inclusive, manifestaram-se publicamente sobre os caso. Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) estão entre os que pediram a demissão de Alvim do cargo. De origem judia, o apresentador Luciano Huck também classificou o conteúdo do vídeo do secretário como “criminoso”.
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A embaixada da Alemanha no Brasil, aliás, também se manifestou sobre o vídeo. Em suas redes socais, o órgão afirmou que o governo alemão se opõe a qualquer tentativa de banalizar ou mesmo de glorificar a era do nacional-socialismo.
— AlemanhanoBrasil (@Alemanha_BR) January 17, 2020
O guru do Governo Bolsonaro, Olavo de Carvalho, também comentou o caso. Em seu perfil no Facebook, ele afirmou que “Roberto Alvim talvez não esteja muito bem da cabeça’.
Entenda a semelhança
O vídeo, que foi divulgado na peça sobre o Prêmio Nacional das Artes, lançado também na noite de quinta em live do presidente Jair Bolsonaro com a presença de Alvim, traz o seguinte discurso: “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”, afirmou Alvim no vídeo postado nas redes sociais.
Comparando com o discurso de Goebbels: “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferramenta romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”. O pronunciamento, segundo o livro “Joseph Goebbels: Uma Biografia”, de Peter Longerich, foi realizado em 8 de maio de 1933 e direcionado a diretores de teatro.
Segundo a FolhaPress, além dos trechos do pronunciamento, a estética do vídeo, a aparência do secretário, o vocabulário, o tom de voz e a trilha sonora escolhida também se assemelham ao ministro de Hitler. Uma das referências no vídeo é a música de fundo, que veio da ópera “Lohengrin”, de Richard Wagner, obra que Hitler contou em sua autobiografia ter sido decisiva em sua vida.
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