O jornalista William Bonner, apresentador e editor-chefe do Jornal Nacional, da TV Globo, vem sendo vítima de uma “campanha de intimidação”, segundo a nota enviada à imprensa pela emissora na segunda (25). Bonner e uma das suas filhas receberam mensagens em seus telefones pessoais contendo os endereços e os números de CPFs relacionados à família. Os dados fiscais sigilosos – protegidos pela Constituição – vazaram, o que, segundo a Globo, “abre a porta para toda sorte de fraudes”.
Na semana passada, o jornalista já havia denunciado às autoridades o uso indevido de CPF de seu filho. Um estelionatário inscreveu o jovem no programa federal de apoio emergencial à população brasileira mais atingida pela pandemia de covid-19.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) se solidarizou com Bonner e sua família e lembrou que não é a pessoa física que está sob ataque, e sim o telejornal que ele representa e o próprio jornalismo.
Segundo o o site da Abraji, não é a primeira vez que jornalistas têm dados roubados e expostos. Em fevereiro de 2020, Vera Magalhães, da TV Cultura e de O Estado de S. Paulo, foi vítima de doxxing (exposição de dados pessoais na internet), além da criação de um perfil falso em uma rede social.
“Para a Abraji, naturalizar esses ataques ou interpretá-los como pontuais e isolados é um erro. Cabe às autoridades policiais verificar se as ações foram coordenadas, mas não se pode ignorar que elas acontecem em um contexto no qual a imprensa, o jornalismo e jornalistas têm sido alvo de uma campanha de deslegitimação de seu trabalho, tanto por parte de autoridades públicas, como de militantes políticos radicais.
A Abraji espera que a investigação resulte em punição exemplar dos responsáveis e ressalta a importância de que os profissionais ou as empresas para as quais trabalham denunciem esses crimes e busquem reparação judicial”, diz o post da associação.
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