Política

Teich rebate Bolsonaro e diz que cloroquina não é solução

Nelson Teich - Foto: Reprodução/CNN.
Nelson Teich - Foto: Reprodução/CNN.
O ex-ministro da Saúde apontou ressalvas sobre o pronunciamento do presidente.

O ex-ministro da Saúde Nelson Teich apontou ressalvas no pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro ao confirmar que está com coronavírus. Durante o anúncio, o chefe do Executivo afirmou que já fazia uso da cloroquina para o tratamento.

Para  Teich, o posicionamento do presidente ao reafirmar que o remédio é indicado, apesar de não haver comprovação científica, deve intensificar ainda mais os assuntos ligados ao tema. “Essa questão da cloroquina, se já era polarizada, agora vai ficar muito mais”, disse.

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Segundo o ex-ministro, a cura de pacientes com coronavírus que usarem a cloroquina pode não ser relacionada ao medicamento. “O grande problema é que o fato de usar o remédio não significa que foi ele que te curou. Para a pessoa que não tem um lado mais matemático, mais técnico, isso é difícil de entender. As pessoas falam que usaram o remédio e ficaram curadas, que prescreveram o remédio e os pacientes ficaram curados. Mas uma coisa pode não ter nada a ver com a outra”, explicou durante entrevista à CNN Brasil.

Teich
Teich é ex-ministro do governo Bolsonaro – Foto: Divulgação

Conforme apontou Teich, os estudos já feitos com a cloroquina e a hidroxicloroquina não mostraram benefícios até o momento. Segundo ele, inclusive, o único remédio aceito para uso emergencial é o remdesivir. Ele destacou, ainda, que é importante debater quais medicamento são de fato indicados porque, assim, define-se para onde serão destinados os recursos. “Uma das razões de você não usar coisas que não funcionam é deixar de gastar em coisas que funcionam. A gente tem que ter reserva para usar com coisas que sabidamente ajudam”, analisou.

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O ex-ministro da Saúde questionou, ainda, a declaração do presidente da República, que afirmou que as pessoas com menos de 40 anos devem levar uma vida normal. “Não existe garantia que a idade vai tornar a pessoa imune à doença e que ela não pode morrer. Os números são menores [em pessoas jovens], mas não são zero”, contestou Teich.

Ele também ressaltou que as pessoas devem se preocupar e estar atentas para diminuírem a possibilidade de  contaminarem outras. “Quantas pessoas mais novas têm convívio com outras mais velhas quando voltam para casa? Não é só se você pode morrer, mas o quanto você pode disseminar”, disse.

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