A organização da São Paulo Fashion Week (SPFW) tomou uma decisão histórica nesta sexta-feira (30). A pedido de parte da indústria da moda e da própria audiência, o evento instituiu cota racial obrigatória para os desfiles. Se até o ano passado a SPFW recomendava às marcas que pelo menos 20% da seleção de modelos fosse afrodescendente, indígena ou asiática, a organização agora passou a exigir que as grifes passem tenham pelo menos 50% de seu casting formado por “negros, afrodescendentes e (ou) indígenas”.
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Essa regra está expressa no documento enviado às marcas participantes da semana de moda, que terá a sua edição comemorativa de 25 anos celebrada de forma virtual, com desfiles, filmes e peças audiovisuais exibidos num canal do YouTube e em projeções espalhadas pela capital paulista. Aliás, o documento ainda afirma que, “caso a grife não atenda essa determinação, a mesma não fará mais parte do line-up”. Ou seja, quem descumprir as regras já estaria fora da programação de abril do próximo ano.
Com a decisão, a SPFW seria, já nesta temporada, a primeira semana de moda do mundo a ter um código racial próprio para as marcas participantes. O diretor do evento, Paulo Borges, afirmou que as discussões começaram a tomar corpo após o mês de maio. Na época, o debate sobre as restrições práticas impostas pela pandemia se voltaram para as questões humanas. Aliás, foi no mesmo mês que houve o início da onda de protestos nos Estados Unidos pela morte do segurança George Floyd, asfixiado por um policial branco. Além disso, logo depois, na moda, uma avalanche de denúncias sobre casos de racismo nos bastidores tomaram conta da indústria.
“Não posso fazer leis, mas dentro do ambiente que fomentamos é possível haver regras, sim. Nas conversas que tivemos [sobre mudanças no evento], uma das coisas que prometi de partida era que não era mais possível recomendar coisas. Quando se fala em equidade racial, isso foi entendido por todo mundo”, afirma Borges.
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