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STJ determina prisão de desembargadoras por venda de sentenças

STJ determina prisão de desembargadoras por venda de sentenças
Magistradas são alvo de operação deflagrada nesta segunda (14).

Duas desembargadoras do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) foram alvo de mandados de prisão temporária dentro da nova fase da Operação Faroeste. A ação foi deflagrada na manhã desta segunda-feira (14), pela Polícia Federal, contra um suposto esquema criminoso de venda de decisões judiciais.

Segundo o portal G1, os mandados foram expedidos pelo ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), após pedido da subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo. No entanto, os nomes das desembargadoras supostamente envolvidas no esquema ainda não foram divulgados.

A investigação, aliás, aponta que o grupo criminoso atuava na legalização de terras griladas (cuja posse é obtida por meio de documentos falsos) no Oeste do estado. Segundo a reportagem, havia, assim, um esquema de venda de decisões judiciais por juízes e desembargadores da Bahia.

STJ determina prisão de desembargadoras por venda de sentenças
Agentes da PF estiveram na sede da SSP-BA nesta segunda (14) – Foto: Mauro Anchieta/TV Bahia

Além disso, membros de outros poderes também participariam do esquema operando a blindagem institucional da fraude. Inclusive, a organização criminosa contava, ainda, com laranjas e empresas para dissimular os benefícios obtidos ilicitamente. Há suspeitas, aliás, de que a área objeto de grilagem supere os 360 mil hectares e de que o grupo envolvido na dinâmica ilícita tenha movimentado cifras bilionárias.

Segundo informações apuradas pela TV Bahia, um dos alvos da operação também é o secretário de Segurança Pública do estado, Maurício Barbosa. De acordo com a polícia, o STJ determinou o afastamento do cargo e da função de todos os servidores públicos envolvidos na Operação Faroeste. A Secretaria de Segurança Pública e o governo do estado, no entanto, ainda não se posicionaram sobre o caso e não há detalhes do afastamento do secretário.

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De acordo com o G1, além das desembargadoras, o STJ também mandou prender uma pessoa apontada como responsável por atuar para um juiz no esquema. Além disso, segundo informações da Polícia Federal, também foram cumpridos 35 mandados de busca e apreensão em Salvador, em outras três cidades baianas (Barreiras, Catu, Uibaí) e um em Brasília (DF).

O Tribunal de Justiça da Bahia, por sua vez, não falou sobre os juízes alvos da ação, nem quais medidas serão adotadas. Por meio de nota, conforme a reportagem, o órgão informou, por sua vez, que reitera e ratifica o total apoio às instituições competentes para o processo de investigação conduzido pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal.

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Duas desembargadoras do Tribunal de Justiça da Bahia foram alvo de mandado de prisão – Foto: Alan Oliveira/G1

A Operação Faroeste iniciou as suas 6ª e 7ª fases nesta segunda. O start da operação se deu em novembro de 2019, com a prisão de quatro advogados, o cumprimento de 40 mandados de busca e apreensão e o afastamento de seis magistrados.

Com o aprofundamento das investigações, foi descoberto, assim, o envolvimento de integrante do alto escalão e de servidores do Ministério Público do Estado da Bahia, de servidores da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia e de advogados.

Dessa forma, são investigados, segundo o G1, possíveis crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de ativos, evasão de divisas, organização criminosa e tráfico de influência. A quinta fase da operação, que antecedeu a deflagrada nesta segunda, ocorreu em março. Na ocasião, a Polícia Federal cumpriu 11 mandados expedidos, três deles de prisão temporária e outros oito de busca e apreensão.