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No Recife, Lula fala em “reconstruir a democracia brasileira”

Foto: Reprodução/PT
Ex-presidente declarou que eleição de Bolsonaro foi resultado de um movimento de criminalização do PT

Cumprindo agenda em seis estados do Nordeste, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está no Recife, e concedeu uma entrevista coletiva no início da tarde desta segunda-feira (16) no Hotel Atlante Plaza, em Boa Viagem. Lula esteve acompanhado de políticos ligados ao partido, como a deputada federal e presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, o senador Humberto Costa e o ex-prefeito do Recife, João Paulo (PCdoB).

Em sua fala, Lula criticou o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ao qual chamou de “genocida”, apesar de, segundo ele, prezar pelo respeito às autoridades. Na ocasião, o petista disse que o Brasil está vivendo um retrocesso, e enalteceu as investigações da CPI da Pandemia.

“[A CPI] está mostrando que a gente não comprou a vacina porque tinha se constituído uma verdadeira quadrilha, quando o Brasil poderia ter comprado, imediatamente, mais de 70 milhões de vacinas. E, quem sabe, a gente tivesse evitado que metade das pessoas que morreram não tivessem morrido”, declarou.

Lula ainda afirmou que a eleição de Bolsonaro em 2018 foi resultado de um movimento de criminalização do PT, fez comparações com as gestões do partido e o atual governo, enaltecendo avanços conquistados pelo país durante seus mandatos e os de Dilma Rousseff.

“[A eleição de Bolsonaro] foi resultado de todo um movimento que tinha como princípio negar a política. E eu cansei de dizer que toda a vez que a gente nega a política, o que vem depois é sempre pior. Foi assim que nasceu Hitler. Foi assim que nasceu Mussolini. E foi assim que nasceu todas as ditaduras e todos os governos autoritários no mundo”, afirmou.

Em tom de campanha, o ex-presidente falou em retorno, com o intuito de “juntar todo o rebanho necessário” e “reconstruir a democracia brasileira”. Falou da necessidade de incluir os mais pobres no orçamento da união, dos estados e dos municípios, e afirmou que quem vencer as próximas eleições, pegará o país numa situação mais crítica do que em 2003, ano do primeiro mandato de Lula no Palácio do Planalto.

Acerca das ameaças de Bolsonaro de não realização do pleito em 2022, caso não haja o voto impresso, culminando numa possível não aceitação do resultado, Lula afirmou que o maior perigo é o vencedor não querer receber a faixa do atual presidente. “Ele vai perder as eleições, vai acatar o resultado. O que pode acontecer é que, quem ganhar, não queira receber a faixa dele. Queira receber a faixa do povo brasileiro”.

O petista ainda disse apoiar a criação do Auxílio Brasil – idealizado pelo governo para substituir o Bolsa Família -, desde que seja para melhoria de vida da população. Mas, ressaltou que a mudança de nome é irrelevante. Por fim, Lula falou sobre a relação com as forças armadas, à qual defendeu o papel de atuação dentro da constituição, sem que haja interferência na política do país.