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Morre, aos 85 anos, o arquiteto José Luiz Mota Menezes

Foto: Andréa Rêgo Barros/Prefeitura do Recife/Divulgação
Profundo conhecedor do Recife, professor foi responsável por diversos projetos de restauração em Pernambuco

Morreu nesta segunda-feira (6), aos 85 anos, o professor e arquiteto José Luiz Mota Menezes, após passar 63 dias internado em um hospital no Recife, para o tratamento de insuficiência renal crônica. A informação foi dada pelo Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP).

Ex-professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), José Luiz era um profundo conhecedor da capital pernambucana, sendo um importante nome para o urbanismo da cidade. Publicou vários livros e foi responsável por diversos projetos de restauração no estado.

Nascido na cidade de Pilar (atual Manguaba), em Alagoas, José Luiz Mota Menezes veio para o Recife aos nove anos de idade, tendo se formado em Arquitetura e Urbanismo pela UFPE em 1961, iniciando sua trajetória profissional, com foco no estudo da cidade, a mobilidade e suas transformações. Além de professor na UFPE, foi, por duas vezes, presidente do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano e membro da Academia Pernambucana de Letras (APL).

Entre os projetos assinados pelo arquiteto, estão a restauração de locais como a Catedral da Sé, Casa da Cultura, Palácio da Justiça e antiga Estação do Brum. Foi ainda responsável pelos projetos do Santuário da Mãe Rainha Três Vezes Admirável, em Olinda, e da Igreja Matriz do Largo da Paz, no Recife. Trabalhos desempenhados quando trabalhou no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (atual Iphan).

José Luiz estava internado há 63 dias, em um hospital no Recife, e teve insuficiência renal crônica. O velório será à tarde na Academia Pernambucana de Letras e o enterro ainda nesta segunda, às 16h, no Parque das Flores. Ele deixa duas filhas e 3 netos.

Entre as homenagens que ressaltam a vida e a obra de José Luiz, diversas autoridades se pronunciaram, como o governador Paulo Câmara, que declarou três dias de luto no Estado.

Em nota, a Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE) e a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), ao qual o arquiteto foi dirigente, lamentaram a morte.

“Recife perde um dos maiores pensadores e conhecedores de sua história. Um grande urbanista, com uma visão moderna e atual da vida numa grande cidade. Acompanhou como poucos da sua geração as mudanças que vivemos, contribuindo muito com a construção de uma política pública para o setor. Foi dirigente da Fundarpe em 1973 e desde lá aprofundou o debate sobre o papel do Estado na preservação os bens materiais e imateriais”, declarou Marcelo Canuto, presidente da Fundarpe.

“A história do Recife teve na pessoa de José Luiz Mota Menezes um grande observador e entendedor. Sua contribuição nas discussões sobre a cidade e a evolução da sociedade foram sempre assertivas. Sua passagem pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural trouxe um olhar muito atento ao que já vivemos e o que iremos viver no futuro breve. É um dia muito difícil para quem milita pela cultura”, comentou o secretário Estadual de Cultura, Gilberto Freyre Neto.

A Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), responsável pela publicação dos últimos livros de José Luiz, também emitiu uma nota sobre o falecimento.

“Pernambuco deve ao professor José Luiz Mota Menezes diversos estudos sobre a sua história, mais especificamente a história urbana do Recife.  Os livros que ele publicou quanto ao processo de fundação da cidade e sobre o período holandês estão entre os fundamentais para a compreensão do nosso passado. Como editora dos últimos trabalhos do professor José Luiz Mota Menezes, a Cepe lamenta profundamente o seu falecimento “, destacou o presidente da Cepe, Ricardo Leitão.

“O CAU/PE agradece toda a sua dedicação ao longo de uma respeitada trajetória profissional, sempre vislumbrando soluções para a preservação do patrimônio cultural pernambucano, defendendo a integração da memória urbana do Recife ao cotidiano de todos e todas”, enfatiza um outro comunicado, publicado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU/PE).