BRUNO ALBERTIM – Especial para o RJ
Na virada dos anos 80 para os 90, dezenas de sushimen foram importados pelo mercado nova-iorquino – a partir do qual, aliás, a gastronomia japonesa se tornou uma mania planetária. Do encontro da tradição e precisão nipônicas com a opulência ocidental, surgiram artigos como o hoje clássico e já mais disseminado sushi de atum sob um naco untuoso de foie gras. Não por acaso, este encontro emblemático da elegância e precisão milenar japonesas com o maior luxo comestível da tradição francesa está no cardápio do Vasto, restaurante de uma bem calculada sofisticação aberto com uma varanda envidraçada numa das entradas do Shopping Recife.
A casa recifense é, na verdade, a terceira unidade da marca que é o braço de luxo do mais acessível Coco Bambu, do grupo homônimo. Se este tem um amplo salão do melhor estilo “traga-toda-a-família” para 5OO pessoas, o Vasto possui apenas 15O lugares distribuídos em três ambientes de intimismo minimalista e bem calculado. Há um salão, uma “varanda” com móveis confortáveis e design inspirado numa Nova York mais ou menos clássica do começo do milênio. Inspiração bastante evidente no bar-ilha com batender ao estilo americano, um oásis para quem janta sozinho.
O que mais surpreende não é o fato de a casa ter cardápio francamente pretencioso, mas o fato de dar conta da pretensão. Também inspirada pela ideia norte-americana do “tudo-ao-mesmo-tempo agora”, 6O empregos diretos, R$ 3 milhões em investimentos, o Vasto tem um cardápio que vai de sanduíches arrojados e saladas a massas, carnes, frutos do mar e, claro, sushis e outros verbetes da moderna gastronomia oriental. Daí, o nome da casa.
Com ingredientes de alto padrão e equipe que destila bom entrosamento já nesses primeiros dias de operação, a casa parece ter obsessão em oferecer qualidade em cada quesito de seu cardápio tão amplo – e cobra um preço proporcional à qualidade e ao serviço de luxo bem calculado oferecidos.
No serviço nipônico, destila maestria. Confirmada num carpaccio delicadíssimo de frutos do mar – entre os camarões tenros e o polvo, o frescor do peixe fresco chega a ser desconcertante. Num tartar – de nacos grandes, e portanto, sabor preservado, de atum rubro e fresquíssimo sobre abacate: a untuosidade da fruta assimila o marinho do peixe. Ou no equilíbrio elegantíssimo de um sashimi de salmão com limão e azeite trufado: em ótima sintonia, a gordura natural do salmão com notas cítricas e trufa comedida não provocam outro resultado senão uma epifania na boca.
A casa conta com drinques instigantes e uma carta com 16O rótulos. Para os peixes e tais, pode-se ficar com o branco feito com o nome da casa pela vinícola gaúcha Casa Valduga. Um chardonnay sem barrica, fresco e frutado num resultado elementar e elegante. Capaz de respaldar com prazer um dos melhores pratos quentes da casa: os camarões-pistola, sabor intenso, com risoto de limão siciliano cujo perfume anuncia o conforto de seu sabor.
Serviço: Vasto Restaurante. Shopping Recife, ao lado do Coco Bambu.
Informações e reservas: Via Instagram @vastorestaurante e (81) 3038.7080. Tíquete médio: R$ 15O.
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