Rachel Sheherazade, que trabalhou durante 10 anos no SBT, entrou com ação contra a emissora para reivindicar direitos trabalhistas. Além disso, ela diz que se sentiu humilhada e constrangida por Silvio Santos durante a cerimônia do Troféu Imprensa de 2017, quando o apresentador afirmou no palco que a jornalista só foi contratada por sua beleza e voz para ler notícias e não para dar a sua opinião.
“Você foi contratada para ler notícias, não foi contratada para dar a sua opinião. Se quiser fazer política, compre uma estação de televisão vá fazer por sua conta, aqui não. Chamei para você continuar com a sua beleza, com a sua voz, para ler as notícias no teleprompter. Não foi para você dar a sua opinião”, disse Silvio.
Após o ocorrido, a ex-funcionária considerou essa situação um ato de machismo. No processo, ela afirmou que foi tratada de modo “depreciativo, preconceituoso, vexatório, humilhante e constrangedor” na emissora.
Outra questão levantada pela jornalista foi o fato de ter sido contratada como pessoa jurídica pela empresa mas ter tido vínculos empregatícios de pessoa física, como fazer horas extras e plantões. Com isso, o SBT terá de reconhecê-la como funcionária CLT, de acordo com a decisão da Justiça.
Com isso, a Justiça do Trabalho condenou a emissora a arcar com indenização de R$ 500 mil para Rachel Sheherazade. A sentença foi emitida pelo juiz Ronaldo Luis de Oliveira, da 3ª Vara do Trabalho de Osasco, na Grande São Paulo, na última sexta-feira (21). Vale lembrar que o processo já tramitava desde abril de 2021.
“Mantendo, assim, coerência com controvérsias de mesma natureza anteriormente por nós analisadas e resolvidas, envolvendo outros trabalhadores vitimados por atos socialmente não convenientes, mas levando em conta os efeitos negativos concretos gerados em na esfera pessoal e profissional da trabalhadora, assim como a função social da reclamada, como empresa de comunicação, observando-se de qualquer modo, os limites da lide, fica esta, reclamada, condenada a pagar à reclamante uma indenização por danos morais, pelo valor ora arbitrado de R$ 500 mil”, decretou o juiz. Inicialmente, os valores pedidos no processo giravam em torno de R$ 20 milhões.
Até o momento, a emissora não se pronunciou sobre o caso, no qual ainda cabe recurso. Nas redes sociais, Sheherazade comentou: “Parabéns aos meus advogados e a toda equipe do escritório Mainenti Grossi Froes de Aguilar pela gigantesca vitória! Ainda falamos em primeira instância, mas independentemente de qualquer coisa já me sinto vitoriosa”. A jornalista deixou o SBT em setembro de 2020, pouco depois de criticar o presidente Jair Bolsonaro no telejornal.
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