À mesa Acontece

BarChef Boteco traz pratos com simplicidade e muito sabor

Risoto de Moqueca do BarChef Boteco - Foto: Divulgação
Restaurante comandado por Hugo Prouvot apresenta ingredientes simples, mas potências únicas de sabor

Até os anos 90, o que então se entendia por gastronomia ficava basicamente restrito a ambientes de serviço rigoroso, chefs de altíssima formação técnica e ingredientes relativamente inacessíveis. Não mais. No Recife, um dos chefs diretamente responsáveis por essa, digamos, democratização da gastronomia é Hugo Prouvot. É o que, com prazer, podemos confirmar no menu desenvolvido pelo chef para o novo BarChef Boteco, um endereço que vem fazendo de Boa Viagem, outra vez, ponto alegre de migração de comensais de outras zonas da cidade.

Ali, Prouvot comanda com maestria uma equipe em que tudo converge para o melhor dos novos tempos: preços justos e, sobretudo, uma técnica insuspeita para fazer preparos aparentemente simples adquirirem potências únicas de sabor.

BarChef Boteco – Foto: Divulgação

Veja, por exemplo, a barriga de porco ali servida. Ao chegar à mesa, o “Porquinho” ($88) é “apenas” um convidativo corte suíno. Ninguém irá desconfiar que terá passado por uma cura de açúcar, sal e temperos secos de nada menos que 20 horas antes de estagiar por seis outras horas em fogo muito lento. Sim, eis uma carne que reinventa nossa ideia de suculência. A depender dos inevitáveis petiscos anteriores, serve de dois a três.

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Com uma das melhores técnicas do País, Hugo Prouvot já trabalhou em SP com chefs como Laurent Suaudeau e Emanoel Bassoleil – dentro dos parâmetros militares da alta cozinha francesa. E, há mais de 20 anos, mudou o conceito de gastronomia de um Recife que mal sabia o que era um confit ao trabalhar na primeira versão do Mingus. Hoje, destila entusiasmo por uma cozinha menos complicada.

Desde que, claro, os ingredientes sejam trabalhados para seus melhores momentos. O cardápio, aliás, se divide basicamente em duas abas: uma de frutos do mar, outro de frutos da terra. Além disso, subdividido entre petiscos e principais. Tudo com cara e espírito de compartilhar.

Delicadamente macio e com presença insinuante de sua passagem pela brasa, o polvo é servido sobre uma cama de vatapá delicado – o que nos faz pensar como é que ninguém deu esse match antes. O tradicional crocante de frutos do mar traz cada insumo, como camarão ou peixe, por um exato minuto a 180 graus de fritura. Nem mais, nem menos.

Prato com polvo do BarChef Boteco – Foto: divulgação
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Além disso, as carnes também merecem atenção – como a de sol, um filé mignon suavemente curado em sal – feitas na parilha à vista do cliente. Os acompanhamentos não merecem menor cuidado. A cebola é braseada antes de gratinada com creme. A macaxeira é cozida e prensada em bastões antes de ser frita, crocante por fora, macia por dentro, servida sobre um delicado pirão de queijo. O tropeiro é cremoso e molhadinho.

Carne de sol com queijo coalho – Foto: Divulgação

Aberto diariamente a partir do happy hour (quando o chopinho bem tirado é servido a módicas 6 realezas), o BarChef Boteco bate também boa tabela nos almoço de sexta a domingo. Quando, no cardápio, há reinvenções de clássicos em favor da brasilidade. Caso do risoto ao ponto com um insinuante molho de moqueca de frutos do mar ($58/$98), uma das sugestões da casa.

Numa esquina onde o vento, literalmente, faz a curva em BV, a casa tem um ambiente interno refrigerado e um grande terraço. Mas o que faz diferença ali é o serviço impresso pelo maitre e gerente Josuel Marinho, um profissional com quase duas décadas de serviços prestados aos salões do Recife: atento e zeloso, mas bem humorado e deliciosamente informal.

Aliás, preste atenção na carta de drinques refrescantes: o mundo parece ligeiramente mais feliz depois de um gin tônica macerado com manjericão no bar da casa.

Drink do BarChef Boteco – Foto: Divulgação
Happy Hour tem promoção de chopp – Foto: Divulgação

*Texto por Bruno Albertim ([email protected])