À mesa Acontece

Miolo destaca vinho do Vale do São Francisco em jantar especial

Vinhos Miolo - Foto: Divulgação
Evento buscou apresentar a “Safra das safras”

Em 2009, o mercado e a crítica de vinhos no Brasil tinham uma nada pequena surpresa nordestina. O rigoroso júri da feira paulistana Expovinis,  maior da América Latina, escolhia o Testardi como vinho do ano. Por pouco, algumas taças não se quebraram no susto: tratava-se do primeiro grande tinto feito pela vinícola Miolo, a de maior tradição no Brasil, no até então pouco acreditado Vale do São Francisco, no sertão nordestino.

No último sábado (30), no hotel Spa do Vinho, a vinícola recrutou alguns dos chefs mais importantes da gastronomia brasileira, entre eles a carioca Flávia Quaresma, o gaúcho radicado em São Paulo Tuca Mezzomo, do badalado Charco, e o pernambucano Fábio Lima, que, após uns anos na Europa, volta a assinar a chefia da cozinha do luxuoso hotel do Vale dos Vinhedos, instalado nas colinas diante dos parreirais da Miolo. Para especialistas e embaixadores dos vinhos de todo o País, ofereceram ali, a convite de Adriano Miolo, um jantar a muitas mãos em que a vinícola apresentou o resultado dos trabalhos de 2020: sete vinhos de “luxo” conseguidos nesta que já é considerada, depois de muitos anos, a “safra das safras”.

Os irmãos Adriano, Alexandre e Fábio Miolo – Foto: Divulgação
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“A Safra 2020, assim como a de 2018, foi lendária porque superou todas as expectativas nos quatro terroires em que trabalhamos no Brasil. Isso é muito difícil de acontecer e, por isso, precisa ser celebrado da melhor forma que sabemos fazer: elaborando vinhos ícone, que formam uma coleção histórica”, diz, para o site RJ, Adriano Miolo, ao apresentar esta coleção que, batizada de “Os sete legendários”, enterra por vez quaisquer resquícios de preconceitos que a vinicultura brasileira ainda possa atrair.

De perfis variados, vinhos em pé de igualdade (inclusive nos preços, entre pouco mais de R$ 100 a até mais de mil reais, por garrafa) com alguns ícones de regiões de largo prestígio no mundo. Rótulos que confirmam não apenas o potencial do Brasil para vinhos elegantes como, enfim, que o Vale do São Francisco não é apenas fonte de bons espumantes e tintos mais simples e alcoólicos. Pode oferecer também complexidade na taça.

Vinho Miolo – Foto: Divulgação

Testardi, não por acaso, é um termo italiano que significa teimoso ou persistente. Nome mais do que adequado para indicar um grande vinho desenvolvido com talento, alguma poesia e irrigação do São Francisco diante de uma ambiente anteriormente hostil. “Provamos para o mundo que é possível elaborar um tinto de guarda no Nordeste brasileiro. A variedade Syrah já tem aptidão consolidada na região, mostrando o poder deste terroir ainda pouco explorado e que também aponta outras possibilidades, com novas castas tintas que estão sendo descobertas”, diz Adriano Miolo, o diretor superintendente da vinícola que traz o nome de sua família de origem italiana.

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Com apenas 13.500 garrafas produzidas, este syrah nordestino, de boa estrutura, cor violácea profunda, traz aromas de frutas vermelhas e pretas, maduras, e notas defumadas. Untuoso em boca, de uma acidez refrescante. No site da empresa, custa cerca de R$ 150. Nosso colaborador de eno-gastronomia, o jornalista Bruno Albertim esteve entre o pequeno grupo de avaliadores e comenta alguns dos vinhos apresentados:

Vinho Miolo – Foto: Divulgação

Entre os destaques, naturalmente, está o Lote 43, vinho mais icônico da Miolo e só vinificado em anos excepcionais.  Uma festa para o nariz (compota de figo, ameixa-preta, cacau, trufa, pimenta); em boca, taninos muito redondos, fresco, bem equilibrado. No nariz, a elegância da Touriga Nacional. Na boca, a potência da Tinta Roriz. Outro rótulo que merece nosso destaque é o Quinta do Seival – Castas portuguesas, um tinto brasileiro produzido apenas com duas variedades lusas. A potência da Tinta Roriz, intensa, com a elegância aromática da Touriga Nacional: flores, figo e ameixa preta, além de notas de madeira tostada. Um vinho de alma lusa que só ganha em seu corpo brasileiro.

* Por Bruno Albertim ([email protected])