O compositor Chico Buarque foi homenageado, na terça-feira (21), com o Prêmio Camões, o mais importante da língua portuguesa. Aliás, esta é a primeira vez que um músico é agraciado com o troféu. Um verdadeiro reconhecimento pela obra completa do autor. Chico, um dos maiores nomes da MPB, foi eleito por unanimidade pelo júri composto pelos portugueses Clara Rowland e Manuel Frias Martins. E também pelos brasileiros Antonio Cícero Correia Lima e Antônio Carlos Hohlfeldt. Além da angolana Ana Paula Tavares e pelo moçambicano Nataniel Ngmane.
O júri destacou o “caráter multifacetado” do trabalho de Chico, enquanto afirmavam que a escolha aconteceu tanto pela qualidade da obra do compositor quanto por sua “contribuição para a formação cultural de diferentes gerações” em vários países de língua portuguesa. “Seu trabalho atravessou fronteiras e mantém-se como uma referência fundamental da cultura do mundo contemporâneo”, ressaltou em nota.
O peso literário das composições de Chico Buarque também foi destacado. “Evidente que esse prêmio é um reconhecimento pela poesia dele nas letras de música, que também são literárias, não só pelos livros. São poemas. Grandes poemas. A música ‘Construção’, por exemplo, é um poema até raro de se fazer”, afirmou o escritor Antonio Cicero, ao jornal “Folha de S.Paulo”.
Chico Buarque
Francisco Buarque de Holanda nasceu em 19 de junho de 1944, no Rio de Janeiro. Começou sua carreira musical na década de 60 e se tornou um dos maiores compositores brasileiros. Em 1967, escreveu sua primeira peça de teatro, “Roda Viva”. Posteriormente, em 1991, publicou seu primeiro romance, “Estorvo”.
O sucesso como escritor rendeu ao artista dois prêmios Jabuti, a premiação literária mais importante do Brasil, de melhor livro do ano, por “Budapeste”, em 2006, e “Leite Derramado”, em 2010. Já “Estorvo” ganhou na categoria melhor romance. Seu último livro, “O Irmão Alemão”, foi publicado em 2014.
Prêmio Camões
O Prêmio Camões foi criado em 1988 pelo Brasil e por Portugal, com o objetivo de distinguir um autor “cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento do patrimônio literário e cultural da língua comum”. Assim, ao longo de sua história, a distinção já homenageou 13 escritores brasileiros.
O brasileiro agraciado mais recentemente foi Raduan Nassar, em 2016. No ano passado, o cabo-verdiano Germano Almeida, autor de “A ilha fantástica” e “Os dois irmãos”, foi o vencedor do prêmio. Aliás, ao ganhar o prêmio, Chico receberá também 100 mil euros.
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