Malas Prontas

Brasil é o segundo país mais perigoso para turistas mulheres

Rio de Janeiro, Brasil - Foto: Divulgação
Mesmo com a baixa estatística de ser morto durante as férias, vários incidentes fizeram as mulheres ficarem em alerta

As mulheres estão cada vez mais viajando sozinhas. De acordo com a associação de indústria de turismo dos EUA, a Travel Industry, aproximadamente 32 milhões norte-americanas viajam sem companhia todos os anos. Mas isto pode ser um esforço bastante arriscado para elas.

Segundo uma publicação da Forbes, em março, o The New York Times publicou um artigo, batizado de “Adventurous, Alone, Attacked” (Aventureira, sozinha, atacada, em tradução livre). O material tinha detalhes de ataques a mulheres viajantes, como Carla Stefaniak, que foi morta enquanto viajava de férias pela Costa Rica.

Mesmo com a baixa probabilidade estatística de ser morto durante as férias, uma série de incidentes recentes ressaltou os riscos para as mulheres viajantes. Alguns casos foram: o assassinato de um mochileiro alemão de 26 anos na Tailândia em abril, o brutal ataque a uma mulher em um hotel na República Dominicana em janeiro, e a decapitação de dois andarilhos escandinavos no Marrocos em dezembro. O presidente da WorlAware, uma provedora global de gerenciamento de riscos para empresas, disse ao Los Angeles Time que é “100% mais fácil ser homem do que uma mulher”.

Na tentativa de ajudar a determinar os piores lugares para mulheres que viajam sozinhas, os jornalistas Asher e Lyric Fergusson criaram o “Women’s Danger Index”. Os dois têm um blog focado em segurança de viagem e colocaram em prática este índice de periculosidade para mulheres, que classifica os países mais arriscados do mundo para pessoas do gênero feminino que viajam sozinhas.

“Enquanto viajávamos como um casal, passamos por situações desconfortáveis ​​e ouvimos histórias de horror de muitas mulheres que sem companhia”, diz Lyric Fergusson. “Em vez de confiar em boatos e anedotas, pensamos que seria bom saber quais países são os piores e os mais seguros baseados em fatos concretos.”

O casal classificou os 50 países com mais turistas internacionais usando oito fatores. Eles incluem segurança nas ruas para mulheres, homicídio intencional de mulheres, violência sexual, discriminação e desigualdade de gênero. Os dados foram compilados com base em informações desde o 2018 Gallup World Poll até o Equal Measures 2030 Gender Advocates Data Hub.

No topo da lista, está a África do Sul, considerado o pior país no quesito violência contra mulher praticada por não-parceiros, homicídios e segurança para andar à noite nas ruas. Na contramão, a Espanha é o local mais seguro. Os Estados Unidos estão na 19ª posição entre os 20 lugares mais perigosos do mundo.

Confira, abaixo, a lista dos 20 lugares mais perigosos do mundo para mulheres, com comentários de Lyric Fergusson, coautora do estudo:

1º. África do Sul

“Com a baixa pontuação em segurança das ruas e muitos outros fatores, as mulheres na África do Sul têm sido tratadas historicamente de forma cruel, mas felizmente a situação tem melhorado lentamente”, diz Lyric. “Muitas vezes, as mulheres que viajam para este país são advertidas a não caminhar, dirigir ou andar sozinhas e, em geral, devem se comportar de maneira conservadora.”

2º. Brasil

“O próximo destino (logo atrás da África do Sul) foi o Brasil, que teve um desempenho ruim tanto na segurança das ruas quanto no homicídio doloso contra as mulheres”, diz Lyric. “Este país ensolarado também obteve baixa pontuação no índice de igualdade de gênero global. O governo dos Estados Unidos alerta os turistas para não andarem sozinhos à noite ou resistirem fisicamente a qualquer tentativa de roubo.”

3º. Rússia

“Com baixa pontuação tanto no quesito homicídio intencional contra mulheres quanto na violência sexual praticada por não-parceiros, a Rússia vem em terceiro lugar em nossa lista”, diz Lyric. “O país da vodca também teve um desempenho ruim em várias categorias: foi o nono pior em discriminação legal contra as mulheres. Felizmente, o movimento #MeToo tem emplacado manchetes na Rússia e influenciado gradualmente na melhoria da situação.”

4º. México

“Como o México é de longe o país mais visitado [pelos norte-americanos] entre os cinco piores, realmente chamou nossa atenção”, afirma Lyric. “As três áreas em que o país obteve classificação ruim foram segurança nas ruas, homicídio intencional e violência sexual praticada por não-parceiros. Na verdade, o México ficou entre os quatro piores em todas as três categorias. Muitas reportagens afirmam que infelizmente o destino tem se tornado cada vez mais inseguro e é melhor ficar apenas nos limites do seu resort para minimizar incidentes.”

5º. Irã

“Dos 50 países mais visitados, o Irã tem a pior pontuação no estudo Global Gender Gap [ranking de igualdade de gênero publicado pelo Fórum Econômico Mundial]”, fala Lyric. “O país também se classificou mal nas categorias de desigualdade e discriminação, ficando em quinto lugar em nosso índice. O Irã tem, no entanto, baixa taxa de homicídio doloso contra as mulheres.”

6º. República Dominicana

“A República Dominicana é um destino extremamente popular para os turistas norte-americanos e recentemente tem sido foco de manchetes após uma série de mortes misteriosas”, explica Lyric. “Em nosso índice, a ilha do Caribe ficou em sexto lugar, com pontuação particularmente ruim em segurança nas ruas. Seja o recente discurso da mídia real ou não, nosso estudo certamente descobriu que a República Dominicana não é segura para mulheres que viajam sozinhas. Isso nos surpreendeu porque antes da recente sequência de eventos nunca tínhamos ouvido falar de problemas com turistas que visitaram o país.”

7º. Egito

“O Egito se classificou especialmente mal em diferença global de gênero (quarto pior) e desigualdade de gênero (sexto pior)”, diz Lyric. “O país também foi o décimo quanto à segurança nas ruas. Além disso, tem leis de casamento e divórcio ruins e baixa representatividade governamental. Entretanto, há um recente esforço para diminuir a diferença de gênero com a concessão de mais de 600 bolsas de estudo destinadas a mulheres para as áreas de ciência, negócios e engenharia.”

8º. Marrocos

“Marrocos foi o pior em nossa lista de violência praticada por parceiros”, diz Lyric. “Ele também pontuou mal em desigualdade de gênero. A pontuação em segurança nas ruas também não foi muito melhor”, aponta Lyric.

9º. Índia

“A Índia foi a pior dos 50 países na categoria de desigualdade de gênero”, afirma Lyric. “O país também teve classificação ruim em violência praticada por parceiros e disparidade de gênero. Infelizmente, quase 90% das mulheres que foram estupradas na Índia conheciam o agressor.”

10º. Tailândia

“A Tailândia teve a pior pontuação na nossa lista em relação à violência contra ativismo feminino”, diz Lyric. “O país também ficou mal colocado no quesito violência praticada por parceiros e desigualdade de gênero.”

11º. Malásia

“Classificação baixa no quesito violência praticada por parceiros e desigualdade de gênero deixaram a Malásia no 11º lugar da nossa lista”, fala Lyric. “Isso faz da país um dos piores na Ásia para viajantes do gênero feminino, atrás apenas da Índia e da Tailândia. O que nos surpreendeu foi o tamanho de uma lacuna entre Singapura (país asiático mais seguro) e Malásia, já que eles são separados apenas por uma pequena ponte. Uma olhada na história de Singapura esclarece um pouco essa surpresa.”

12º. Arábia Saudita

“A Arábia Saudita foi o pior país na categoria discriminação legal”, diz Lyric.” O país também é o segundo em nossa lista de diferença global de gênero e pontuou mal em segurança nas ruas. Muitas mulheres fogem do país atrás de liberdade e tentando escapar do abuso.”

13º. Turquia

“A Turquia teve o quarto pior índice de violência por parceiro, o quinto pior na diferença global de gênero e o oitavo em segurança das ruas”, diz Lyric, que compartilhou o dado de que “89,2% das mulheres na Turquia já sofreram violência de por parte de seus cônjuges.”

14º. Argentina

“A Argentina foi o terceira pior país em segurança das ruas e o décimo em homicídio intencional de mulheres”, pontua Lyric. “Assaltos são bastante comuns em Buenos Aires (mesmo dentro de um carro parado no sinal vermelho). E, segundo um relatório recente, as pessoas no Iraque se sentem mais seguras ao caminhar à noite do que na Argentina.”

15º. Chile

“O Chile foi o sétimo pior na segurança das ruas e o oitavo em violência praticada por parceiros”, afirma Lyric. “O assédio das rua afeta três a cada quatro pessoas, e 85% dessas delas são mulheres. Além disso, 40% das mulheres são perseguidas diariamente e 90% já sofreram algum tipo de assédio em algum momento de suas vidas.”

16º. Camboja
Cambodia landmark wallpaper – Angkor Wat with reflection in water

“O Camboja se classificou como o terceiro pior em relação à violência contra as atitudes das mulheres e à desigualdade de gênero. O país também pontuou mal em diferença global de gênero e segurança das ruas”, diz Lyric. “Mais da metade dos homens acredita que as mulheres provocam para que eles sejam violentos em relação a elas”.

17º. Bahrein

“O Bahrein ficou em quarto lugar no quesito discriminação legal, em sexto em desigualdade global de gênero e também obteve desempenho ruim em segurança nas ruas”, explica Lyric, que também menciona que “os estupradores são protegidos contra processos se são casados ​​com suas vítimas ou se decidirem se casar com elas.”

18º. Tunísia

“A Tunísia foi classificada como a nona pior em diferença global de gênero. Também obteve um desempenho ruim no quesito segurança nas ruas, discriminação legal e desigualdade de gênero”, afirma Lyric. “A Tunísia lidera a região do norte da África no que diz respeito a direito das mulheres e representatividade no governo. Por outro lado, pelo menos 47% das mulheres do país são afetadas pela violência doméstica.”

19º. Estados Unidos

“O 19º lugar na nossa lista ficou com os EUA”, diz Lyric. “É o país ocidental mais perigoso do mundo -o que foi muito inesperado. Ter uma pontuação ruim quanto à segurança nas ruas, violência sexual não relacionada a parceiros e a uma série de questões de desigualdade de gênero torna o lugar particularmente ruim para turistas mulheres. Para as com idade entre 20 e 24 anos, o homicídio é a terceira forma mais provável de morrer, o que representa uma taxa de 7,5% de todas as mortes nessa faixa etária. E para as mulheres negras de mesma idade, o homicídio corresponde a 15,7% das mortes.”

20º. Ucrânia

“A Ucrânia foi a sexta pior em segurança nas ruas e pontuou abaixo da média quanto à diferença global de gênero e desigualdade de gênero”, argumenta Lyric. “Os ucranianos não consideram a discriminação baseada em gênero no local de trabalho uma questão séria.”

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