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Confira o depoimento do nutri Cleydson Sobral no projeto #Cuidar

Dando continuidade a série #elesfalamoquefazem, do projeto #Cuidar, da jornalista Karina Maux, o nutricionista Cleydson Sobral compartilhou a sua rotina e o que mudou durante a quarentena da pandemia do coronavírus. Confira:

É fato que a nossa sociedade vive um momento de incertezas. “Antes dizíamos que não tínhamos tempo para nada. Hoje tivemos que nos adaptar ao isolamento domiciliar e ganhamos mais tempo livre. Paralelamente veio a fragilidade emocional, aumentando a ansiedade e o consumo de alimentos mais palatáveis (ricos em açúcares e gorduras) e, também, das bebidas alcoólicas”, analisa Cleydson Sobral.
A alimentação adequada tem papel importante na prevenção de inúmeras doenças, melhorando a qualidade e perspectiva de vida. “Sem falar na manutenção do nosso sistema imunológico mais fortalecido, porém o consumo calórico deve ser controlado e adaptado individualmente”, afirma. Segundo pesquisa do Ministério da Saúde (2019), 74% do total de mortes no Brasil estão relacionados com as doenças crônicas não transmissíveis, com ênfase para as doenças cardiovasculares (28%), as neoplasias (18%), as doenças respiratórias (6%) e o diabetes (5%).
“O sedentarismo, alimentação inadequada, consumo excessivo de bebidas alcoólicas e o tabagismo são fatores que contribuem para esses acontecimentos”, acrescenta. Para a medicina, o nutricionista explica que a obesidade é doença catalogada CID 10-E66, podendo afetar o funcionamento do organismo. “Isso acontece principalmente pelo desequilíbrio do consumo alimentar e o gasto energético ou gasto de calorias”.
Atualmente no Brasil, ainda de acordo com o Ministério da Saúde, 61,9% da nossa população é sedentária, 55,7% com excesso de peso, 76,9% não tem o consumo adequado de frutas e hortaliças e 17,9% usam com frequência a bebida alcoólica. “Com a pandemia, essa desordem tem aumentado”, atesta. A OMS define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”. Também enfatiza que a obesidade e o consumo de bebida alcoólica é um problema social e de saúde pública.
Segundo a OMS, o consumo moderado de álcool é a ingestão diária de uma dose (10 a 15 gramas de etanol) para as mulheres e duas doses para os homens (de 20 a 30 gramas de etanol). Uma dose equivale a 90 ml de vinho tinto, 125 ml de vinho branco, 350 ml de cerveja e 50 ml de destilados. A ingestão de doses diárias acima desse padrão é considerada prejudicial e representa algum risco para a saúde dos indivíduos.
“Cada grama de álcool contém 7kcal, favorecendo bastante para o balanço calórico positivo que impacta diretamente no ganho de peso. Na prática a bebida alcoólica usada antes de uma refeição, por exemplo, pode aumentar as atividades das regiões cerebrais que medem a recompensa e estabelecem o comportamento alimentar”, explica.
Mas sabemos que a ingestão de uma única dose diária de álcool não faz parte da realidade de muitos.
Então fica a dúvida: as doses diárias não consumidas podem ser ingeridas em um só dia em forma de compensação? Para o nutricionista Cleydson Sobral, não seria indicado fazer isso para não prejudicar o sistema imune, sobretudo nesse período. Os petiscos também tornam-se vilões, por isso, a recomendação, se for beber, é de fazer uma refeição prévia rica, principalmente, em proteína e com carboidratos naturais.
“Uma boa alimentação deve fornecer todos os macronutrientes e micronutrientes para o bom funcionamento do organismo e da imunidade. Porém, as fontes proteicas: carne, frango, peixe, ovos, soja, leites e derivados, são digeridas mais lentamente, controlando o apetite e aumentando a sensação de saciedade”, dá a dica. “Sair um pouco da rotina é aceitável durante o período do isolamento, onde devemos levar em consideração todos os aspectos biopsicossociais, onde as vontades estão mais afloradas, mas quando a exceção se torna a regra, podemos sofrer consequências impactantes em nossa saúde”.