A atriz Fernanda Montenegro fez um forte desabafo durante a coletiva da série “Amor & Sorte”, que estreia na próxima semana na TV Globo. Ela avaliou que o país passa por um de seus piores momentos de retrocesso e afirmou que é preciso ter paciência para enfrentar o atual movimento de desvalorização da cultura.
“Isso já aconteceu muitas vezes através da história. Não sei porque chegamos a esse ponto. Somos ‘imorredores’. Não estou assustada, não. É só um problema de paciência. Fingir que talvez eles vão ter algum poder durante algum tempo”, disse.
Aos 90 anos de idade, a estrela da dramaturgia destacou a importância da arte durante a pandemia, mesmo com a polarização política. “Nós não vamos acabar. A cultura de um país, a cultura que existe no mundo, é o que um homem pode aspirar de transcendência. Tudo bem deixar a imbecilidade se propor, mas nós estamos completamente vivos, atuantes”, comentou. E continuou: “Estamos vivos, sim, produzindo, sim, com maior dificuldade, interferência, maior destrutividade em volta, tudo bem”.
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Para a atriz, aliás, os ataques à classe artística estão mais intenso até aos vivenciados durante a ditadura militar. “Eu nunca vi, mesmo no período militar, um momento em que a zona artística tenha tão pouco prestígio quanto agora. Mas nós temos criatividade e não vamos ficar no meio do caminho. É só uma questão de tempo”, avaliou.
A artista, que tem 75 anos de carreira, também destacou que, apesar dos retrocessos, a cultura não irá acabar. “Nós não vamos acabar. A cultura de um país, a cultura que existe no mundo, é o que um homem pode aspirar de transcendência. Tudo bem deixar a imbecilidade se propor, mas nós estamos completamente vivos, atuantes.”, afirmou.
Ela frisou, ainda, que a categoria permanece atuante, mesmo em meio às críticas e perseguições. “Não é que vamos ‘renascer’ – nós não deixamos de existir. Estamos existindo, sim. Com um interregno, aí, mas não seremos nós que vamos ficar no fundo da terra. Não seremos, mesmo”, disparou.
A atriz também reforçou a necessidade de aguardar os próximos períodos com paciência. “É só ter paciência e fingir que não estamos levando a vida que sempre levamos. É só dar um tempo. É um ciclo que vai passar. E estamos vivos, sim, produzindo, sim, com maior dificuldade, interferência, maior destrutividade em volta, tudo bem”.
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