O nome do ator Malvino Salvador aparece entre os assuntos mais comentados do Twitter neste domingo (22). O fato está relacionado a entrevista publicada às 23h15 da noite deste sábado (21) na coluna Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo.
A repercussão na rede social se dá porque o ex-global, que não teve o contrato renovado com a emissora, classificou como pragmático o voto em Jair Bolsonaro nas eleições de 2018. Segundo o artista, ele votou no atual presidente por não desejar que a oposição assumisse o poder.
“Não sou daquela coisa de me abster, votar em branco ou nulo. Acho que a gente precisa votar. O meu voto naquele momento foi um voto pragmático, foi uma escolha que eu fiz diante do que eu via, da minha insatisfação com quem poderia entrar no poder [PT]. Mas isso não quer dizer que eu apoie a outra pessoa [Bolsonaro]”, diz em um trecho da matéria assinada pela repórter Bianka Vieira.
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Segundo a reportagem, aliás, Malvino não escondeu o descontentamento ao ser perguntado sobre o seu posicionamento nas últimas eleições presidenciais e sobre o voto em Jair Bolsonaro. Ele também afirmou que não vê com bons olhos os extremismos políticos.
“O extremismo e o populismo são, na minha opinião, muito ruins em todos os aspectos, seja de direita ou de esquerda. É preciso haver mais diálogo entre os líderes, diálogos mais saudáveis. Está virando tudo uma panfletagem política. Você não vê confronto de ideias, é um xingando o outro”, comentou.
Durante a entrevista, ele também criticou a atuação do governo federal em relação ao meio ambiente, descrevendo-a como leviana. “A gente sabe que é difícil, que o país é muito grande, a floresta é muito grande. Mas, ao mesmo tempo, quando você chega diante de uma TV e não se mostra comprometido com essas questões, é muito ruim”.
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Quando questionado se apoiaria uma eventual chapa formada pelo apresentador Luciano Huck e o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, respondeu: “Acho que qualquer um pode se aventurar na política. E tomara que eu seja surpreendido positivamente”.
Malvino ainda falou sobre os ataques que enxerga à cultura: “É difícil as pessoas reconhecerem o quanto ela é importante para o país. A cultura é que faz a união e a identidade de um povo”. E acrescentou defendendo os incentivos à área. “A Lei Rouanet virou como se fosse uma coisa do diabo, onde as pessoas ganham dinheiro adoidado, e não é assim. A gente sabe que existem distorções, sim, é preciso corrigir, mas tem uma infinidade de gente que vive da cultura através de incentivos fiscais.”, disse.
Ele citou o exemplo do teatro, em que, segundo ele, muitas vezes torna-se inviável entrar em turnê com espetáculos sem o apoio de políticas públicas. “Como é que você produz uma peça viajando por recantos do país, podendo levar a cultura para um espectro mais amplo de sociedade, pagando passagem aérea, hospedagem? Sem incentivo fiscal, é impossível. A bilheteria não devolve isso”, afirmou.
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Além disso, Malvino, inclusive, também avaliou que a cultura deveria ser enxergada como outros segmentos, a exemplo do agronegócio. “O que eu venho percebendo é uma tentativa de vilipendiar a cultura. Não entendem que é preciso haver fomento. É preciso se pensar na cultura como se pensa no agronegócio e em outras áreas importantes, é preciso injetar dinheiro. O que me angustia nesses últimos anos é perceber uma violência desmedida e descabida contra ela. Virou a Geni”, disse fazendo alusão à música “Geni e o Zepelim”, de Chico Buarque.
O ator, que também é empresário e comanda uma academia de jiu-jitsu ao lado da esposa, Kyra Gracie, atleta do esporte, também falou sobre as consequências da crise econômica causada pela pandemia. “Fiquei muito angustiado não só pelo que a gente passou, mas por ver muita gente quebrando. Muitas empresas no Brasil estão operando no limite. Isso me entristeceu, porque…”, disse, antes de se emocionar e ter a fala interrompida pelo próprio choro, segundo a reportagem da Folha de São Paulo.
Ele e a esposa, aliás, celebram o fato de o espaço ser amplamente frequentado por mulheres. “Nós conseguimos quebrar um paradigma com relação ao jiu-jitsu, que sempre foi tido como um esporte eminentemente masculino. Metade do nosso público é feminino. A gente consegue ter uma pluralidade muito grande na academia”, comemorou.
Pelo menos se arrependeu de ter votado em Bolsonaro.