O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama homenageou na tarde deste sábado (18) o político e ativista norte-americano John Lewis, que faleceu nessa sexta-feira (17). Pioneiro na luta pelos direitos civis, Lewis tinha 80 anos e lutava contra um câncer no pâncreas.
O imenso legado deixado pelo político e ativista pelo direito das pessoas negras nos EUA foi lembrado pelo ex-presidente. “Muitos de nós não vivem para ver nosso próprio legado se desenrolar de uma maneira tão significativa e notável. John Lewis fez. E graças a ele, agora todos temos nossas instruções – para continuar acreditando na possibilidade de refazer o país que amamos até que ele cumpra sua promessa”, escreveu Obama em seu Instagram.
Na publicação, o democrata aparece em uma foto abraçado a Lewis e compartilha, nos registros seguintes, mensagens que demonstram, assim, a importância do líder ativista em sua trajetória. “A primeira vez em que encontrei John foi na faculdade de Direito, e eu disse a ele que ele era um dos meus heróis”, contou Obama.
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John Lewis era um dos últimos ativistas negros da época de Martin Luther King Jr. Ele, aliás, foi o líder mais jovem da histórica manifestação de 1963 em Washington, onde Dr. King proferiu seu icônico discurso “I have a dream” (“Eu tenho um sonho”).
Antes, em 1961, aos 21 anos de idade, Lewis se tornou um dos fundadores dos “Passageiros da Liberdade”, movimento que lutou contra a segregação racial no sistema de transporte público americano. Toda a vida do ativista e congressista americano, aliás, foi pautada na busca pela igualdade racial nos Estados Unidos.
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Nos últimos meses, ele havia se afastado dos deveres legislativos devido ao tratamento contra a doença. No entanto, o frágil estado de saúde não o impediu de uma vez mais lutar pelos afro-americanos. Sua última aparição pública, aliás, aconteceu no início de junho, quando, caminhando com a ajuda de uma bengala, participou de um ato antirracista motivado pela morte de George Floyd, homem negro sufocado por um policial branco em Minneapolis. O protesto foi realizado próximo à Casa Branca em uma rua recém nomeada como Black Lives Matter Plaza, em alusão, assim, ao movimento que ganhou as ruas: “Vidas Negras Importam”, em tradução livre.
Em meados dos anos 1960, Lewis quase morreu em uma manifestação antirracista pacífica em Selma, no Alabama, quando teve, então, o crânio fraturado pela polícia. Aquele dia ficou conhecido, aliás, como “Domingo Sangrento”. Passados 50 anos, ele caminhou, em 2015, até o local do emblemático protesto de mãos dadas com Barack Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos. Em 2011, inclusive, Obama lhe concedeu a Medalha da Liberdade, a maior distinção civil dos Estados Unidos.
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John Lewis entrou para o Congresso em 1986 e logo se tornou, dessa forma, uma das vozes mais importantes na defesa da igualdade e da justiça. O anúncio da morte foi feito na madrugada deste sábado pela presidente da Câmara americana, Nancy Pelosi.
“Hoje, os Estados Unidos choram a perda de um dos maiores heróis de sua história. John Lewis era um titã do movimento pelos direitos civis, cuja bondade, fé e bravura transformaram nossa nação, desde a determinação com que ele encontrou discriminação nos balcões de almoço, até a coragem que ele demonstrou quando jovem, enfrentando a violência. Ele trouxe liderança moral ao Congresso por mais de 30 anos. John Lewis era reverenciado e amado nos dois lados do corredor e nos dois lados do Capitólio. Ficamos com o coração partido por sua morte”, destacou Pelosi em comunicado.
Líderes internacionais também lamentaram a morte do congressista. Entre eles, aliás, está o presidente francês, Emmanuel Macron: “Uma vida de combate pelos direitos civis. Uma vida de belas lutas, para lutar por um mundo mais justo. Muito progresso foi feito graças a ele. John Lewis era um herói”, escreveu no Twitter.
Une vie de combat pour les droits civiques. Une vie à être de toutes les belles luttes, à se battre pour un monde plus juste. Tant de progrès ont été conquis grâce à lui. John Lewis était un héros. pic.twitter.com/16OR3WY7jg
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) July 18, 2020
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