O jornalista Washington Novaes, referência em jornalismo ambiental, faleceu na noite dessa segunda-feira (24), aos 86 anos, em Goiás. Ele estava internado em uma UTI em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, após fazer cirurgia para a retirada de tumor no intestino.
A informação foi confirmada pelo filho de Washington, o cineasta Pedro Novaes, ao G1. “Que a gente possa lembrar dele como essa referência, tanto como pai, quanto como jornalista: absurdamente generoso e indignado. E que o exemplo dele nos ajude a superar essa tragédia política, sanitária, ambiental e social que estamos vivendo”, escreveu, no texto enviado ao portal.
Pedro também destacou que não só a família fica órfã, “mas também o cerrado e a Amazônia, pelos quais ele tanto lutou, e os povos indígenas brasileiros, já tão sofridos, e pelos quais ele se apaixonou décadas atrás”. Segundo ele, o pai descobriu o tumor em março deste ano, foi operado na última quinta-feira (20) e, no domingo (23), o quadro se agravou devido a uma infecção decorrente da cirurgia e problema no fígado.
Trajetória
Washington Luís Novaes nasceu em 3 de junho de 1934, na cidade de Vargem Grande do Sul, em São Paulo. Foi editor do Globo Repórter e do Jornal Nacional e tornou-se um dos primeiros jornalistas do país a se dedicar a questões ambientais e indígenas, produzindo documentários e lançados livros sobre os temas.
Recebeu, inclusive, diversos prêmios no direcionados ao segmento ambiental, como o Esso especial de Ecologia e Meio Ambiente (1992) e o Professor Azevedo Netto (2004). Em 1976, Novaes integrou o time de diretores do “Domingo Gente”, programa de entrevistas e reportagens criado para revelar ao grande público o lado interessante e inusitado de algumas pessoas.
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Em 1981, o jornalista dirigiu o documentário “Amazonas, a pátria da água”, exibido pelo “Globo Repórter”. O programa, aliás, ganhou medalha de prata no Festival de Cinema e Televisão de NY em 1982. Ainda na década de 1980, Washington viveu em completa imersão no universo dos povos indígenas do Xingu. A experiência, inclusive, gerou a série de não-ficção “Xingu, a Terra Mágica”, além do diário “Xingu, uma Flecha no Coração”, ambos premiados internacionalmente.
O jornalista também roteirizou e dirigiu a série documental “O desafio do lixo”, exibida pela TV Cultura em 2001, além de escrever o roteiro do filme Joana Angélica, lançado em 1979.
Apaixonado pelas letras, é autor de mais de 10 livros, a maioria focada no meio-ambiente e povos indígenas. Entre eles estão “A quem pertence a informação”, escrito em 1989, e “A década do impasse: da Rio-92 à Rio+10”, publicado em 2002.
Em 2004, venceu da categoria Meio Ambiente do Prêmio Unesco. Na ocasião, inclusive, foi homenageado por seus mais 30 anos de trabalho dedicados à divulgação de ideias e alertas aos impactos da degradação ambiental.
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