O Ministério da Saúde informou que ao menos 26 mil doses da vacina da AstraZeneca utilizada no plano de vacinação contra a Covid-19 foram aplicadas após o prazo de validade em vários locais do país. Cerca de 1,5 mil municípios brasileiros utilizaram o imunizante vencido até o último dia 19 de junho.
Capitais como Belém (PA), São Paulo (SP) e Salvador (BA) aplicaram entre 800 e 2,6 mil doses, enquanto outras cidades registraram a utilização média de 10 doses cada. A campeã no uso de vacinas com prazo de validade expirado é Maringá, no Paraná, que vacinou 3.536 pessoas com o imunizante.
Cerca de 114 mil doses da vacina da AstraZeneca distribuídas a estados e municípios dentro do prazo de validade já expiraram, e não há informações se foram descartadas ou estão sendo aplicadas.
Atualmente, o imunizante é o mais usado no Brasil, correspondendo a 57% das doses aplicadas desde o início da vacinação. As doses expiradas compunham oito lotes importados ou adquiridos por consórcio. Um deles, inclusive, venceu em 29 de março, enquanto o mais recente venceu em 4 de junho.
Para saber se teve a vacina aplicada fora do prazo de validade, basta conferir a carteira individual de vacinação, que identifica o lote e, caso seja comprovado, a pessoa deve procurar uma unidade de saúde para orientações e acompanhamento.
Na prática, quem recebeu uma dessas doses, considera-se não vacinada, e precisa ter o imunizante reaplicado pelo menos 28 dias após o equívoco.
De acordo com a reportagem da Folha de São Paulo, metade dos oito lotes vencidos veio do Instituto Serum da Índia, enquanto a outa metade veio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Essas vacinas foram distribuídas pelo Ministério da Saúde entre janeiro e março, antes do vencimento.
Cerca de 70% das doses aplicadas vencidas são de um dos lotes do Instituto Serum, identificado como “4120Z005”, que venceu em 14 de abril.
A maior quantidade de registros dessas vacinas está no Paraná e no Pará, que receberam os imunizantes em 24 de janeiro. Em Maringá e Belém, quase todas as doses foram aplicadas nos dias 22 de abril e 11 de maio. A capital paraense registrou, ainda, que 27 doses do lote “CTMAV501”, da Opas, foram ministradas após o vencimento, em 30 de abril.
No Sudeste, há o registro de 3.648 doses vencidas aplicadas em São Paulo, sedo 1.820 delas do mesmo lote indiano “4120Z005”. Em nota, a Secretaria de Saúde do Estado confirmou cerca de 4.000 doses ministradas após validade.
Em Belém, a Secretaria Municipal de Saúde negou a aplicação de doses vencidas na cidade, mas disse que “é possível que tenha havido erros nos registros, especialmente nas primeiras etapas da campanha de vacinação em massa, quando as anotações eram feitas manualmente em fichas de papel e posteriormente digitadas”. Dados do Ministério da Saúde apontam que 99,7% das vacinas utilizadas após a validade em Belém são de segunda dose, aplicadas a partir de abril.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde do Paraná, um problema de integração de dados entre municípios e o sistema federal pode ser o responsável pela informação chegar de forma errada, mas não explicou se o problema interfere na data de validade das doses da vacina aplicadas no estado.
As informações sobre validade das vacinas, que dependem da tecnologia e dos insumos utilizados no desenvolvimento dos imunizantes integram os dados analisados pela Anvisa, que regula as vacinas utilizadas no país.
Confira o prazo de validade de cada um dos imunizantes:
- AstraZeneca e Pfizer – 6 meses
- Janssen – 4,5 meses
- Coronavac – 1 ano (primeiro lote venceria somente em novembro)
A seguir, a lista de lotes vencidos:
- 4120Z001, vencido em 29 de março de 2021
- 4120Z004, vencido em 13 de abril de 2021
- 4120Z005, vencido em 14 de abril de 2021
- CTMAV501, vencido em 30 de abril de 2021
- CTMAV505, vencido em 31 de maio de 2021
- CTMAV506, vencido em 31 de maio de 2021
- CTMAV520, vencido em 31 de maio de 2021
- 4120Z025, vencido em 4 de junho de 2021
Adicionar comentário