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Rússia anuncia que ativou míssil nuclear mais poderoso do mundo

O governo russo, liderado pelo presidente Vladimir Putin, anunciou na sexta-feira (1º) a entrada em serviço do míssil balístico intercontinental mais poderoso do mundo, o RS-28 Sarmat, informalmente conhecido no Ocidente como Satã-2. Esta notícia aumentou a tensão global e levantou questões sobre o equilíbrio de poder no cenário internacional

O RS-28 Sarmat foi ativado no primeiro regimento, embora o governo russo tenha mantido sigilo sobre o número de silos equipados. Analistas militares russos especulam que esses silos estejam localizados na região de Krasnoiarsk, na Sibéria. A natureza opaca das informações sobre armas nucleares é uma prática comum em todos os Estados que as detêm, mas também serve como um meio de propaganda, especialmente em um contexto de crescente tensão entre Moscou e o Ocidente devido à invasão russa da Ucrânia, que já dura um ano e meio sem perspectivas de uma solução iminente, seja militar ou diplomática.

No entanto, especialistas respeitados em armas nucleares, como Hans Kristensen, da Federação dos Cientistas Americanos (FAS), têm expressado ceticismo sobre a capacidade da Rússia de implantar quantidades significativas do míssil Sarmat. Eles apontam para o segundo teste conhecido do Sarmat, realizado em fevereiro deste ano, que aparentemente falhou na separação do segundo de seus três estágios. A Rússia não fez comentários sobre o incidente.

O RS-28 Sarmat, homenageando os sarmácios, um antigo povo guerreiro que dominou as estepes do sul russo e a Ucrânia entre os séculos 3 a.C. e 4 d.C., é uma das seis “armas invencíveis” anunciadas por Putin em 2018. Até o momento, os mísseis hipersônicos Kinjal e Tsirkon, juntamente com o planador hipersônico transportado por míssil balístico Avangard, já estão em operação. Outros dois projetos estão em desenvolvimento: o “torpedo do Juízo Final” e um míssil de cruzeiro com propulsão nuclear.

O RS-28 Sarmat é o míssil mais avançado e poderoso em operação no mundo, com 35,5 metros de comprimento e 3 metros de diâmetro. Ele pode transportar de 10 a 14 ogivas nucleares independentes, cada uma com uma potência entre 350 quilotons e 800 quilotons, até 53 vezes mais poderosas que a bomba de Hiroshima. Além disso, estima-se que possa carregar até 16 planadores hipersônicos armados.

Enquanto a Rússia mantém sua retórica de superioridade militar, a questão de sua capacidade real de implantar essas armas permanece. Os observadores notam que o RS-28 Sarmat, apesar de seu tamanho imponente, pode enfrentar desafios técnicos em sua implementação em grande escala. Além disso, sua utilidade em um conflito atual é questionável, dada a retaliação global que tal ataque desencadearia.

O lançamento deste míssil também levanta preocupações sobre seu alcance, que, com até 18 mil quilômetros, poderia atingir alvos em praticamente todos os lugares do mundo. Em comparação, o único míssil intercontinental baseado em terra dos EUA, o Minuteman-3, tem um alcance máximo de 13 mil quilômetros.

A limitação atual do tratado Novo Start, que estabelece um máximo de 1.600 ogivas estratégicas para cada país, foi mantida pela Rússia, apesar da suspensão do tratado. No entanto, especialistas acreditam que a expansão do arsenal russo possa enfrentar dificuldades reais.

A Rússia, que atualmente opera o maior arsenal nuclear do mundo, continua a desempenhar um papel central nas questões globais de segurança, enquanto os observadores internacionais monitoram de perto a evolução dessas armas avançadas.