Acontece

Alexandre Ramagem nega intimidade com família Bolsonaro

Alexandre Ramagem - Foto: Adriano Machado/Reuters
Em depoimento, diretor da Abin admitiu ter sido consultado sobre indicação de Rolando para diretoria da PF

Alexandre Ramagem prestou depoimento, na segunda-feira (11), em Curitiba, no inquérito que investiga as acusações de Sergio Moro contra o presidente Jair Bolsonaro. O diretor da Abin negou ter intimidade com a família do Chefe do Executivo Nacional. Ainda assim, afirmou ter sido consultado sobre a indicação de Rolando Alexandre de Souza assumir a direção-geral da Polícia Federal. Além disso, Ramagem acusou o ex-ministro da Justiça de “desqualificar” seu nome para ser o diretor-geral da corporação.

Alexandre Ramagem é fortemente defendido por Jair Bolsonaro – Foto: Adriano Machado/Reuters

Durante depoimento, Ramagem foi questionado se foi consultado a respeito das qualificações profissionais do DPF Alexandre Rolando enquanto possível indicado para o cargo de Diretor-Geral. De acordo com a transcrição do depoimento, ele “respondeu que sim, tendo sido questionado a respeito, tanto pelo presidente da República como pelo ministro da Justiça André Mendonça”.

A cerimônia de posse de Rolando aconteceu no gabinete presidencial, sem imprensa – Foto: Isac Nóbrega/PR
Leia Mais

Eduardo Bolsonaro e Heloísa Wolf esperam uma menina

No depoimento, aliás, Ramagem diz que “tem ciência de que goza da consideração, respeito e apreço da família do presidente Bolsonaro pelos trabalhos realizados e pela confiança do presidente da República”. Mas ele afirma que “não possui intimidade pessoal com seus entes familiares”. Ramagem minimizou a foto na festa de Ano Novo em que aparece ao lado do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente. Segundo ele, “não foi uma festa, porque os policiais estariam muito cedo prontos para o trabalho, estavam apenas familiares, incluindo esposas e maridos dos policiais, oportunidade em que o vereador Carlos Bolsonaro passou no local para saudar os policiais pelo trabalho executado, pois no dia seguinte se encerraria a segurança provida pela Polícia Federal com a transmissão do trabalho para o Gabinete de Segurança Institucional”.

Ramagem junto a Carlos Bolsonaro em uma festa de réveillon – Foto: Reprodução/Instagram

Além disso, Ramagem acusou Moro de “desqualificar” seu nome para assumir o comando da PF. “O motivo da sua desqualificação, portanto, foi o fato deste não integrar o núcleo restrito de delegados de Polícia Federal próximos ao então ministro Sergio Moro”, disse. De acordo com o diretor da Abin, “a desqualificação ocorreu através de argumento inverídico de intimidade familiar nunca antes tido como premissa ou circunstância, apenas como subterfúgio para indicação própria sua de pessoas vinculadas ao seu núcleo diretivo de sua exclusiva escolha​”.

Leia Mais

OMS critica “cegueira” com a qual governos têm tratado a Covid-19

Alexandre alega que seu nome foi sugerido por Bolsonaro “pela confiança do presidente da República em seu trabalho”. Outro motivo seria “o conhecimento do bom relacionamento” que o diretor da Abin estava tendo com Moro. Segundo ele, Bolsonaro “nunca chegou a conversar sob a forma de intromissão, sobre investigações específicas da Polícia Federal que pudessem, de alguma forma, atingir pessoas a ele ligadas”. Ainda assim, o diretor da Abin disse que o presidente da República tinha “preocupação” com a produtividade operacional não apenas do Rio de Janeiro, mas também de outras superintendências, mas não relatou quais seriam as demais.

Alexandre Ramagem – Foto: Adriano Machado/Reuters

Ramagem afirmou ainda que Bolsonaro reclamava da falta de relatórios de inteligência, não só da PF, bem como de outros ministérios, mas não citou quais seriam as pastas que não estavam atendendo o presidente. Ele admitiu fazer contatos diretos com Bolsonaro sempre informando o ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) sobre “assuntos de inteligência”. Ele fez questão de ressaltar que Bolsonaro poderia ter “conhecimento” de assuntos relativos a inteligência diretamente. Apesar disso, temas de assessoramento estratégico e segurança nacional deveriam, “obrigatoriamente”, ser tratados pelos ministros de Estado.