A montanha mais alta do planeta, o Monte Everest, está enfrentando uma grave crise ambiental. Cientistas e pesquisadores alertam que a região está se transformando no lixão a céu aberto mais alto do mundo, com acúmulo alarmante de lixo e dejetos humanos deixados por alpinistas ao longo das últimas décadas.
A situação se agravou tanto que, agora, os escaladores são obrigados a trazer de volta não apenas o lixo que produzem, mas também suas próprias fezes até o acampamento base. A nova regra faz parte de um esforço mais amplo do governo do Nepal e de organizações ambientais para frear a poluição crescente em uma das regiões mais frágeis do planeta.
Embora as medidas atuais estejam ganhando força, o problema é antigo. Em 1991 foi criado o Comitê de Controle da Poluição de Sagarmatha (SPCC), responsável por monitorar e gerir a coleta de resíduos no acampamento base e ao longo das trilhas do Parque Nacional de Sagarmatha, onde está localizado o Everest. Desde então, o SPCC trabalha para manter minimamente limpas as rotas usadas por montanhistas de todo o mundo.
Uma das regras mais recentes e rigorosas determina que qualquer alpinista que ultrapasse o acampamento base deve retornar com, no mínimo, 8 kg de lixo. Quem descumprir a exigência está sujeito a uma multa que ultrapassa R$ 20 mil, em uma tentativa de responsabilizar diretamente os escaladores pelo impacto de suas expedições.
O geólogo e montanhista Dr. Alton Byers, da Universidade do Colorado em Boulder, lembrou que a trilha até o acampamento base já foi conhecida como a “trilha do papel higiênico”, em referência à enorme quantidade de resíduos deixados para trás.
A denúncia mais recente veio do guia Tenzi Sherpa, que publicou um vídeo mostrando as condições do Acampamento Quatro. “É o acampamento mais sujo que já vi”, declarou. Entre os itens abandonados, estavam barracas, garrafas de oxigênio vazias, tigelas, colheres, absorventes e outros objetos de uso pessoal.