No ar como Mário Sérgio no remake de Vale Tudo, Thomás Aquino vem consolidando sua trajetória com papéis marcantes no audiovisual brasileiro. O ator pernambucano, que já brilhou em produções como Os Outros (Globoplay), DNA do Crime (Netflix), Vidas Bandidas (Disney+) e, mais recentemente, Guerreiros do Sol (Globoplay), conversou com o Correio Braziliense sobre maturidade artística, representatividade e a importância de dar visibilidade às raízes nordestinas.
Alguns de seus projetos, filmados há anos, só agora chegam ao público. É o caso do longa Paterno, dirigido por Marcelo Lordello e estrelado ao lado de Marco Ricca, gravado há sete anos, e da própria Guerreiros do Sol, rodada em 2023. Na série, Aquino mergulha no universo dos cangaceiros, não como estereótipos, mas como um capítulo essencial da história brasileira. “Isso é parte da nossa cultura”, afirma.
O ator destaca que o Nordeste, muitas vezes, é reduzido a caricaturas, quando na verdade é celeiro de resistência, cultura e talentos. “Somos inteligentíssimos, capazes, dignos”, diz ele, orgulhoso de carregar sua origem como bandeira em cada trabalho.
A parceria com o cineasta Kleber Mendonça Filho — responsável por títulos como Bacurau (2019) e O Agente Secreto, já na disputa por uma vaga no Oscar — também é motivo de celebração. Aquino valoriza a “resistência e qualidade reconhecida internacionalmente” do diretor pernambucano. E ele mesmo já se projeta além das fronteiras: na série Men of Fire, da Netflix, o ator contracenou em inglês com artistas de diversos países. “Quero deixar minha marca pelo mundo”, sonha, sem nunca esquecer suas raízes.
O Nordeste em cena
Sobre Guerreiros do Sol, Thomás enfatiza a potência da obra. “Uma produção como essa mergulha fundo no Nordeste e certamente marcará a história do Brasil. O sertão e o povo nordestino são pilares fundamentais na construção desta nação. Ainda somos subestimados, mas obras assim revelam nossa força real. Cada vez que represento algo ligado à minha origem, sinto orgulho de mostrar que o Nordeste é cultural e humanamente igual a qualquer outro lugar do mundo. Temos força artística e social — e isso é poderoso.”
Representatividade em pauta
O ator também reflete sobre os avanços da diversidade no audiovisual. “A estrada é longa, mas finalmente estamos conquistando representatividade. Padrões de preconceito enraizados não cabem mais no século 21. O racismo foi estruturalmente construído para submeter a população negra, e a xenofobia ainda tenta diminuir o Nordeste. Mas somos inteligentíssimos, estudados, dignos e orgulhosos. Mostrar isso através da arte é maravilhoso. Vejo este momento como um começo: ainda de luta, mas também de visibilidade. Que bom ver mais protagonistas negros e nordestinos em cena. Isso me deixa muito feliz.”

.png)



.gif)