Padre Fábio de Melo usou as redes sociais para marcar seus 24 anos de sacerdócio com um desabafo sincero e reflexivo. Longe de uma celebração protocolar, o religioso decidiu abordar diretamente as críticas constantes que recebe e os pedidos por sua expulsão da Igreja Católica, tema recorrente entre setores mais conservadores.
Conhecido por uma postura humanizada e por discursos que frequentemente geram debates dentro e fora da Igreja, o sacerdote não ignorou os ataques virtuais. Ao contrário, acolheu as críticas e propôs uma reflexão profunda sobre o moralismo, a intolerância e a imperfeição humana — inclusive dentro da própria instituição religiosa.
Em seu texto, padre Fábio utilizou uma metáfora moderna e provocadora ao afirmar que “o RH de Jesus foi o pior da história”, destacando que Cristo escolheu apóstolos imperfeitos, “estranhos” e “esquisitos”, reforçando a ideia de que a fé cristã nasce justamente da fragilidade humana, e não da perfeição.
O religioso também ressaltou que, ao longo de mais de duas décadas de ministério, buscou acolher especialmente aqueles que não se sentem convidados ou aceitos, mantendo coerência com aquilo que acredita ser o verdadeiro sentido do sacerdócio.
Confira o texto do padre na íntegra:
“Um dia, contrariando todos os palpites dos que me viram crescer, tornei-me padre. Muitos continuam acreditando que eu não sirvo para o cargo. Pedem minha expulsão, dizem que sou uma vergonha para a Igreja. Eu compreendo. Eu também sou vítima do moralismo que cega, dificulta voltar no tempo e encarar o fato de que o RH de Jesus foi o pior da história. Só escolheu gente estranha, esquisita. Os perfeitos também eram bem-vindos, mas não sobreviviam, pois o consideravam louco. Há 24 anos, mesmo sendo um homem cheio de imperfeições, venho acolhendo os que passam pela minha vida. De maneira especial, os que não se sentem convidados, os que não entram pela porta da frente. Só sendo assim é que posso desfrutar de alguma coerência. Se em algum momento de nossas vidas o meu ministério sacerdotal fez sentido para você, obrigado pela confiança. Já valeu ter sido quem eu fui.”

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