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Demissões já atingem 13% das famílias e 40% das empresas

Pandemia do coronavírus afetou drasticamente a economia - Foto: Montagem
Segundo pesquisa da FGV, a crise causada pelo coronavírus pode se estender até 2021

A crise econômica causada pelo coronavírus é percebida em todo o mundo. No Brasil, as demissões, suspensões de contrato ou corte de jornadas e de remuneração, entre outras medidas adotadas no mercado de trabalho, já afetaram diversas famílias. As mais pobres, com rendimentos até R$ 2.100, foram as mais atingidas. Ainda assim, na média de todas as faixas de remuneração, quase 13% dos lares já tiveram ao menos um dos membros demitido.

Carteira de trabalho – Foto: Divulgação

Entre as empresas, a situação não é diferente. Cerca de 45% das que operam nos serviços e na construção, setores com mão de obra intensiva e geralmente de menor qualificação, já cortaram pessoal. No comércio, mais de um terço do total foi pelo mesmo caminho. Enquanto isso, na indústria, uma em cada quatro empresas também cortaram pessoas. Na média desses quatro setores, quase 40% já demitiram funcionários.

Comércio permanece fechado em diversas cidades – Foto: Divulgação
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O primeiro grande retrato dos efeitos da epidemia da Covid-19 que emerge de pesquisas revela uma parada abrupta na economia. Além disso, a expectativa é bastante reduzida de que a atividade volte ao normal tão cedo. Realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre FGV), o levantamento foi a campo entre os dias 2 e 13 e constitui uma prévia de pesquisa com um universo ainda maior a ser divulgada no final do mês. Aliás, segundo a pesquisa, são raros os segmentos ainda não afetados pelas medidas de distanciamento social. A grande exceção são os supermercados. Na contramão, o tombo nas áreas de vestuário, alojamento e alimentação, sobretudo restaurantes, é impressionante.

Restaurantes só podem abrir para delivery – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

A redução na atividade, a incerteza sobre a duração da pandemia e a queda prolongada do consumo de bens duráveis e de serviços não essenciais fazem com que cerca de 40% das empresas entrevistadas esperem uma volta à normalidade somente no final do ano ou ao longo de 2021.

Um termômetro do Ibre FGV, sobre níveis de incerteza na política e na econômica, mostra o Brasil no topo de uma lista de 21 países. Segundo a pesquisadora Anna Carolina Gouveia, o levantamento já havia atingido níveis extremamente elevados antes da chegada do coronavírus, refletindo as incertezas políticas e as dificuldades econômicas e fiscais do país. “Isso tudo foi agravado agora pela percepção de que não há uma resposta coordenada do governo no enfrentamento dessa pandemia”, afirma.