Cozinheiro que, à sua maneira, fincou a cozinha tradicional italiana no paladar contemporâneo do Recife, Duca Lapenda está de volta ao front. Mais de dez anos após ter vendido a operação, o chef retoma a marca e reabre o Pomodoro Caffè onde, há quase duas décadas, iniciou sua trajetória na cidade.
A saudade do público em ver Lapenda desfilando de avental com uma ocasional taça de vinho nas mãos é comprovada pela lotação quase que permanente, sobretudo nos finais de semana, com clientes notórios e antigos ocupando os 36 lugares. Em sua nova versão, o Pomodoro é charmosamente intimista, bem iluminado, com sofás-divisórias oferecendo conforto e uso inteligente do espaço. O serviço é atencioso e bem formado, preços honestos e a genialidade da culinária de sempre.
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Isso quer dizer simplicidade executada com o máximo de respeito. Ali, as massas são feitas na casa e só cortadas à hora de ir ao fogo. O molho pomodoro, básico e mais que perfeito, cozinha lentamente até obter volume, textura e perfume. O cardápio é sucinto e objetivo, dividido nas seções que se espera de um italiano que respeita a tradição e flerta sobriamente com o contemporâneo: antepastos, massas, carnes e pescados – ao gosto brasileiro, muitas vezes em harmonia no mesmo prato, já que, lá na Itália, a menos que esteja num molho, as carnes costumam vir num momento da refeição posterior ao das pastas.
Neste quesito contemporâneo, superlativa é a lasanha aberta de vitelo ao funghi, numa homenagem-inspiração ao chef italiano Salvatore Loi, que fez a história da grife Fasano. Entre os tradicionais, de talhar a memória do afeto, por exemplo, está o polpetone – uma almôndega gigantesca, suculenta e rosada por dentro – com fetuccine ao pomodoro, ou o filé à parmegiana, que é uma instituição. Para quem não quer carne, o bom e tradicional ravióli de muçarela de búfala e molho fresco de tomate é um afago. No geral, pratos entre pouco mais de R$ 60 e R$ 70. Além de algumas estrelas obrigatórias, a carta também traz vinhos satisfatórios e possíveis.
Duca, depois de uma temporada como consultor em Portugal, se prepara para abrir também uma casa em São Paulo. Mas não pensa em arredar o pé do Pina. Já tem plano, para os próximos meses, de abrir o renovado Pomodoro também para café da manhã e para almoços, uma “cantina”, portanto, em tempo integral.
*Por Bruno Albertim ([email protected])
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