O enorme casarão de arquitetura neoclássica onde a Avenida 17 de Agosto vai se aproximando da Praça de Casa Forte já vem provocando burburinhos desde que a OstraMar, empresa especializada no cultivo de crustáceos e frutos do mar, resolveu abrir ali um restaurante próprio e seu “oyster-bar”. O que pouca gente sabe ainda é que o casarão guarda ali uma espécie de segredo público.
No segundo andar funciona o Ma-Zushi, restaurante de alto padrão da mais tradicional e rigorosa cozinha japonesa, um lugar para um público que quer realmente fugir da vala mais ordinária em que esta culinária milenar tem se alojado no varejo gastronômico da cidade. Adepto da filosofia japonesa do “omotenashi”, que preza pela disciplina do bem receber, a casa, para além da ambientação contemporânea e sóbria, chama atenção por dois pontos que a colocam, em sua estreia, acima da média.
Com concepção geral da operação feita por Márcio Fushimi, a cozinha da casa aberta pelo empresário Bruno Kherle, depois de sensibilidado por algumas viagens ao Japão, é comandada por um mestre, Shigueru Hirano – segundo sushiman mais antigo em atividade no Brasil. Samurai dos códigos culinários do Japão secular, Hirano veio de São Paulo para assumir a tarefa.
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A outra marca que salta no caráter da casa é que o paladar não fica refém dos peixes mais comuns e já repetitivos nos sushibares do Recife, a velha tríade salmão chileno de cativeiro, atum comum e peixe branco como meca ou agulhão. A cartela de sabores, com pescados cuidadosamente resfriados apenas no gelo, sem congelamento, oferece pescados algo incomuns por aqui: os brancos xareu, carapau, prejereba e manjubinha, de sabores delicados, e atum mais gordo, tipo exportação, cuja gordura marmorizada oferece uma ligeira de “derreter” na boca, camarões de mar e ovas de diferentes tipos. Além disso, há composições contemporâneas, utilizando ingredientes de sabor ativo como foie gras. Mas as formas tradicionais, de sushis que cabem confortavelmente na boca, e sashimis, devem ser privilegiadas para tirar partido do frescor dos ingredientes.
Interessantíssimo também é o conceito do “Teishoku”, termo que designa uma tradicional refeição completa japonesa, uma espécie de PF ritaulístico nipônico composto por uma pequena sopa (misso shiro), salada, receita quente, arroz gohan, às vezes um peixe ou crustáceo cru e uma proteína quente, normalmente na chapa. Há opções com carnes variadas, mas o de peixe (R$ 70, branco, salmão ou anchova) oferece uma pequena partitura para o paladar. Aliás, quer uma sinfonia completa? Se auto-presenteie com um Omakase (R$ 350), refeição individual ao critério do mestre Hirano – em sequência: carpaccio de pescados; mexilhão agridoce; ostras ao molho ponzu, sushis tradicionais mais contemporâneos, um minitempurá (perfeito em crocância) e um caldo de algas, além de sobremesa como o sorvete de baunilha com chá verde e chocolate belga.
Serviço
Ma-Sushi: Avenida 17 de Agosto, 1008.
A casa trabalha preferencialmente sob o sistema de reservas, pelo Instagram.
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