Está ou vai curtir as prévias neste verão de Rio 60 graus? Conselho de amigo: saiu da praia, pare no shopping! Primeiro, porque, com o calorão turbinado pelo aquecimento global, os shoppings da viraram oásis refrigerados e voltaram com força para os hábitos cariocas. Segundo e, aqui, o que nos interessa: uma operação gastronômica já bem conhecida do público recifense está fazendo grande sucesso no mais tradicional e antigo dos centros do compras da Zona Sul carioca.
Moradora das redondezas e frequentadora relativamente assídua, uma prima costuma dizer que o Camarada Camarão, instalado no piso térreo do Rio Sul, obrigatório para quem transita entre Copa- Leme e Botafogo, é uma espécie de Outback de frutos do mar: porções generosas, cardápio quase bíblico de tão amplo, ambiente superlativo e estilizado, serviço padronizado e eficiente. As coincidências, felizmente, passam param por aí.
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Se a rede americana de sucesso mundial oferece comida desejadamente ultracalóricas, calcada em frituras e molhos em escala e padrão industrial, a de origem nordestina vem conquistando o País com um método raro: o de escalonar em unidades novas Brasil afora (já são mais de vinte) o rigor artesanal da cozinha inicial do primeiro restaurante da rede, no Recife.
Francês radicado no Brasil há décadas, François Schmit é responsável pela proeza: com brigadas de cozinha muito bem treinadas, consegue reproduzir seus gestos culinários em outros profissionais. O que, aliás, é uma prática global: uberchefs como Alan Ducasse, por exemplo, possuem restaurantes de alto padrão mundo afora reproduzindo com fidelidade sua assinatura gastronômica.
Como o próprio nome da rede indica, o camarão é o carro chefe, ao lado de pescados nobres que fazem da casa um dos endereços de alta gama no roteiro de frutos do mar do Rio. Tudo dá a impressão de ter saído do mar há pouco tempo (o que é obtido com técnicas mais modernas de transporte e congelamento).
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Há pratos individuais, mas a tônica da casa é mesmo compartilhar. Como no excelente Grelhados Camarada, por exemplo, uma chapa com caudas de lagosta, camarões, peixe, mexilhões, lula, abacaxi e tomates, acompanhados de risoto de limão-siciliano e alho poró.
Os pasteis de camarão empanados com massa de panko, tipo tempurá japonês, fazem qualquer um perder a compostura. Mas os petiscos devem mesmo começar, à presença do chopinho bem tirado ou de um branco refrescante, com os crustáceos que dão nome à casa. Os camarões podem ser servidos salteados no azeite, com alho, pimenta-calabresa, salsa e um leve toque de vinho branco. Acompanha cesta de pães. Ou marinados no chopp e salteados.
Para quem quer pegar mais leve, as saladas, com camarões e outras proteínas, são sempre frescas e satisfatórias. A carta, aliás, oferece uma boa oferta de pratos leves, atraentes mesmo para quem não quer abrir mão de calorias. Caso do salmão grelhado, regado com molho chimichurri e cubos de manga, mais alface-americana, palmito, amêndoa, tomate-cereja e purê de batata-doce gratinado. (R$ 79). Para quem procura um “maracatu mais pesado, o gratinado real tem um mosaico pouco comum, e as vezes difícil de harmonizar, de sabores: os camarões empanados em tempurá, sobre arroz cremoso perfumado com limão-siciliano, amêndoa, alho-poró, cenoura e ervilha. Gratinados com muçarela e parmesão e finalizados com batata-palha caseira. Acompanha molho de frutas vermelhas. Para alguns, sabores.
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Mas, uma vez ali, deixar de lado a oferta dos peixes seria um desperdício de tempo. Nobibilíssimos, tenro e elegantemente marinhos, os filés altos de pargo ou sirigado (R$ 239, para três ou, pode acreditar, até quatro), são servidos sob vários acompanhamentos. Um dos mais interessantes é apenas grelhados e regados com manteiga de castanha-de-caju, pimenta biquinho, cebola-roxa e ervas, com risoto de moqueca. Ou apenas com um azeite aromatizado levemente para não se sobrepor ao peixe. É puro suco de Nordeste com um leve toque mediterrâneo. Antes que me esqueça: ideal para um chopinho na volta da praia, o happy hour também cativa com a generosidade de ofertas.
* Por Bruno Albertim
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